Tensão em Lisboa pode escalar no fim-de-semana com várias manifestações

Miguel A. Lopes / Lusa

Autocarro e carros queimados após protestos pelo assassinato de Odair Moniz por um agente da PSP

Há já, pelo menos, duas manifestações marcadas para esta fim-de-semana, na sequência da morte de Odair Moniz. Vida Justa e Chega vão marchar no mesmo dia, à mesma hora e em locais comuns, mas por motivos diferentes.

Os tumultos em Lisboa continuam, noite após noite, desde a morte de Odair Moniz às mãos da polícia, na madrugada desta segunda-feira.

O fim-de-semana poderá fazer escalar a tensão, com várias manifestações na capital.

De acordo com o Diário de Notícias (DN), já há duas manifestações oficiais comunicadas às autoridades e também à Câmara Municipal de Lisboa.

Uma das manifestações é do coletivo Vida Justa, que – juntamente com associações de moradores do Bairro do Zambujal e outros movimentos, – anunciou a realização de uma “marcha pacífica” em memória de Odair Moniz.

A marcha da Vida Justa está marcada para sábado às 15h, e terá início no Marquês de Pombal e fim junto à Assembleia da República.

A outra manifestação já oficializada é promovida pelo partido Chega e será de “apoio à polícia”, no mesmo dia, à mesma hora, e a terminar no mesmo local.

Durante a tarde, o Chega anunciou que também vai fazer uma manifestação, esta “de apoio à polícia”, cujo percurso, aparentemente não se cruzará com a outra… apesar de o último local final também ser a Assembleia da República. Isto, diz Nuno Ramos de Almeida, é “meio estranho”.

“A nossa manifestação é pacífica e em defesa de justiça”, disse, ao DN, Nuno Ramos de Almeida da Vida Justa. “O Chega está a tentar arranjar confusão, para a eventualidade de haver problemas também haver uma justificação para a repressão policial” acrescentou.

A juntar a estas manifestações e aos tumultos nos bairros, há ainda outros protestos “não oficiais” que poderão vir a acontecer no fim-de-semana.

A forma e tom como os protestos têm sido difundidos nas redes sociais têm, segundo o DN, preocupado as autoridades. “No fim-de-semana vamos todos para a Avenida da Liberdade vandalizar aquilo tudo“, pode ler-se numa publicação identificada pelo matutino.

Reforço policial na capital e arredores

Um autocarro da Carris foi apedrejado, na noite desta quinta-feira no Bairro da Boavista, na freguesia de Benfica, mas apenas sofreu danos materiais, avançou à Lusa fonte oficial da PSP, que reforçou o dispositivo policial em Lisboa e na área metropolitana.

Do incidente não resultaram feridos, disse à Lusa o porta-voz da PSP, o subintendente Sérgio Soares, acrescentando que na Amadora foi montado um reforço operacional no bairro do Zambujal.

Além do Bairro da Cova da Moura, a PSP reforçou o patrulhamento nos bairros de Santa Filomena e Casal da Mira, onde na quarta-feira arderam vários caixotes do lixo, e no centro de Lisboa também foi mobilizado “um dispositivo mais musculado”, com o Corpo de Intervenção, para o Marquês de Pombal, Avenida da Liberdade, Praça dos Restauradores e Rossio, devido a possíveis desordens.

“Temos um reforço de policiamento na Área Metropolitana de Lisboa [AML], nos vários concelhos, desde Lisboa, Oeiras, Cascais Odivelas, Sintra, Amadora e Loures, e na margem sul, em Almada, Barreiro, Seixal e Setúbal”, explicou o porta-voz da PSP.

De acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), registaram-se incêndios em ecopontos e contentores de resíduos em Odivelas, Sintra (União das Freguesias de Sintra e Algueirão-Mem Martins) e em Torres Vedras (São Pedro e Santiago, S. Maria e S. Miguel e Matacães).

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.

Mais de uma dezena de pessoas foi detida, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.

ZAP // Lusa

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