Tem frio? Faz-lhe falta um nariz de foca do Ártico

“São os maxiloturbinados mais complexos já descritos”. As focas do Ártico apenas conseguem sobreviver ao frio a que são sujeitas graças aos “ossos intrincados e labirínticos” do seu nariz. Com este frio, talvez lhe desse jeito ter um destes…

Muitas aves e mamíferos, incluindo os humanos, têm um par de ossos nasais finos e porosos chamados maxiloturbinados (ou concha nasal), que são cobertos por uma camada de tecido.

Na respiração, o ar passa primeiro pelos maxiloturbinados, o que permite que os tecidos circundantes aqueçam e humidifiquem o ar antes de este chegar aos pulmões. Em sentido inverso, o ar segue a mesma rota para fora, retendo calor e humidade para que não se percam.

Mas há uma espécie que tem este sistema refinado como nenhum outro: as focas do Ártico.

Tal engenho evolutivo de adaptação ao frio extremo foi revelado num estudo levado a cabo por investigadores da Universidade de Cambridge, publicado recentemente no Biophysical Journal.

Como explicam os cientistas, os animais que vivem em ambientes frios e secos – especialmente as focas do ártico – foram encontrados com maxiloturbinados muito mais complexos do que animais que vivem em climas mais quentes.

Como detalha a New Scientist, os investigadores fizeram tomografias computorizadas da foca-barbuda (Erignathus barbatus), geralmente encontrada no Ártico, e da foca-monge do Mediterrâneo (Monachus monachus).

Embora ambas as espécies tivessem maxiloturbinados bastante desenvolvidos, a equipa descobriu que os ossos nasais da foca-barbuda eram muito mais densos e complexos do que qualquer um visto anteriormente.

Na medição da energia perdida como calor em processos físicos, a equipa de investigação comparou o quão bem as focas manteriam o calor e a humidade a -30°C e 10°C.

As diferenças:

  • Por respiração a -30°C, a foca-monge do Mediterrâneo perdeu 1,45 vezes mais calor e 3,5 vezes mais água do que a foca-barbuda.
  • De forma semelhante, a 10°C, a foca-monge perdeu cerca de 1,5 vezes mais água e calor do que a foca do Ártico.

E só com um sistema tão “intrincado” é possível viver no Ártico.

ZAP //

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