Telmo Correia sofreu “um duplo golpe duro”. Resgatar o CDS-PP será “extremamente difícil”

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António Cotrim / Lusa

O ex-líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia

Diz adeus ao Parlamento na sequência do desaire do passado dia 30 de janeiro e mantém-se pouco otimista quanto ao futuro. O antigo líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, considera que a sobrevivência do partido é “extremamente difícil”, mesmo com a mudança do líder.

A noite eleitoral revelou-se uma verdadeira hecatombe para os centristas. O CDS obteve 1,6% dos votos e, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.

Esta terça-feira, em entrevista à TSF, o antigo líder parlamentar comentou o desaire que fez com que o CDS abandonasse o Parlamento e assumiu que, na sua ótica, é “extremamente difícil” que consiga sobreviver – mesmo com a substituição da liderança.

“O CDS desapareceu da realidade parlamentar e, de alguma forma, não sabemos até que ponto desapareceu da vida política portuguesa. Acho que é factual, o desaparecimento não impede que não regresse, mas, neste momento, e olhando para a realidade parlamentar está desaparecido”, afirmou Telmo Correia.

Voltar a afirmar-se na vida política portuguesa não é impossível e Nuno Melo pode ter um papel importante nessa reviravolta. Mas é “muito difícil”.

“Acredito que é possível. Agora digo e, obviamente já o disse ao próprio Nuno Melo, que me parece um caminho extremamente difícil. O partido teve uma perda considerável. Teve um resultado que é uma tragédia”, comentou.

“É evidente que deixa de ter instrumentos fundamentais da ação política no Parlamento. É um caminho de afirmação política, tem aquele que é o seu espaço político ocupado por outros partidos, tudo isso não torna o caminho mais fácil. É possível é. É muito difícil, na minha opinião”, acrescentou.

Telmo Correia foi um assumido crítico da direção centrista, tendo anunciado que não continuaria no papel de líder parlamentar em novembro. Apesar de considerar que a realidade é “um duplo golpe duro“, há um prato da balança que pesa mais do que o outro.

“O meu destino individual a mim particularmente me interessa, posso compreendê-lo. O destino do partido foi um golpe mais duro. Posso compreender e aceitar a minha não continuidade. O desaparecimento do CDS é mais difícil de aceitar”, confessou.

Sobre a simbólica retirada da placa do CDS da Assembleia da República, Telmo Correia disse que foi um momento “desagradável e negativo”.

Ainda assim, salientou, “a saída das pessoas e o facto de as ideias não continuarem a ser defendidas foi mais relevante do que a saída de um bocado de latão”.

Na passada sexta-feira, durante o Conselho Nacional do partido, Francisco Rodrigues dos Santos culpou os adversários internos pelos últimos dois anos que levaram o partido ao infortúnio. “O fogo amigo matou” o CDS, atirou o ainda presidente centrista.

Rejeitando querer fazer “ajustes de contas”, Nuno Melo encara o calendário como “uma oportunidade, talvez única, para resgatar o CDS”. Aquele que será candidato ao trono centrista prometeu unir “históricos de sempre”, “notáveis do grupo parlamentar” cessante e jovens talentos.

“Se queremos resgatar o CDS temos de estar unidos”, concluiu. O próximo líder é escolhido no Congresso dos dias 2 e 3 de abril, em local ainda a definir.

Liliana Malainho, ZAP //

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4 Comments

  1. Mas a razia não atingiu só o CDS: Um foi de 5 para 0 deputados, outro foi de 4 para 1, outro foi de 12 para 6 e outro foi de 19 para 5. Só o PSD escapou á razia parlamentar.

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