Ao fim de 25 anos no Espaço, o mundo celebra o aniversário do lançamento do telescópio espacial que mudou a forma como vemos o Universo e tocou mentes e corações como nenhum outro.
A missão conjunta da NASA e da ESA fez mais de um milhão de observações, incluindo algumas das mais distantes e antigas galáxias já contempladas pelo ser humano.
O Telescópio Espacial Hubble observou nos últimos 25 anos eventos incríveis como estrelas a devorar planetas e colisões de asteroides no espaço, e produziu belíssimas imagens como a da Nebulosa Cabeça de Cavalo ou os Pilares da Criação, a sua mais icónica imagem, um aglomerado de poeira e gás, na Nebulosa da Águia, captado pela primeira vez há 20 anos.
“O Hubble tornou-se parte da nossa cultura”, afirma John Grunsfeld, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA e ex-astronauta que voou nas últimas três missões de reparação do Hubble.
Para celebrar os 25 anos, o telescópio divulga uma nova imagem de cortar a respiração: o “fogo de artifício celeste” do Westerlund 2, um enxame com tapeçaria brilhante de cerca de três mil estrelas.
O enxame gigante tem “apenas” dois milhões de anos, mas contém algumas das mais estrelas mais brilhantes, quentes e massivas da Via Láctea, revela a equipa do Hubble.
Descobertas
Logo no início, o Hubble provou a existência de buracos negros supermassivos e descobriu que estão localizados no centro da maioria das galáxias. Também ajudou a identificar a idade do Universo – 13,8 mil milhões de anos – através da determinação da atual taxa de expansão do Universo, segundo Mario Livio, astrofísico do STScI, com uma incerteza de apenas 3%.
Graças ao Hubble, os astrónomos sabem agora que a expansão cósmica está a acelerar por causa da misteriosa energia escura.
O telescópio espacial mostrou também que a taxa de nascimento estelar, no Universo, atingiu o seu valor mais elevado há cerca de 10 mil milhões de anos atrás e tem vindo a diminuir desde então.
O detalhe das imagens do Hubble foi crucial para o seu sucesso continuado, permitindo que os astrónomos vissem efeitos climatéricos e auroras noutros planetas, espreitassem berçários estelares e descobrissem planetas em órbita de outras estrelas.
Ao todo, os astrónomos publicaram 12.800 artigos científicos com base nos dados do Hubble. Algumas das pesquisas sobre supernovas, ou estrelas que explodem, contribuíram para o Prémio Nobel da Física em 2011.
Sucessor
O Telescópio Espacial James Webb da NASA, ESA e CSA (agência espacial canadiana) tem lançamento previsto para 2018, até 1,5 milhões de quilómetros da Terra. O JWST vai especializar-se no infravermelho, permitindo espreitar alguns dos recessos mais distantes e ténues do Universo.
Isto deverá permitir que o telescópio – cujo nome honra o falecido administrador da NASA que guiou os programas Mercury, Gemini e preparou o programa Apollo – olhe ainda mais longe que o Hubble no tempo e detete galáxias formadas uns meros 200 milhões de anos após o Big Bang.
Em 2019, o Webb deverá estar instalado e a funcionar juntamente com o Hubble e com novos e poderosos telescópios terrestres.
“Será o novo pico da nossa capacidade de observar o cosmos e de tentar compreendê-lo,” explica John Grunsfeld. “Estou convencido que haverá algumas grandes descobertas.”
ZAP / CCVAlg