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Telemóveis proibidos até aos 11 anos e sem ecrãs até aos 3. Especialistas deixam sério aviso aos pais

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Um relatório elaborado por especialistas franceses recomenda a proibição do uso de ecrãs para as crianças com menos de 3 anos, e a proibição dos telemóveis para os menores de 11 anos, alertando para as consequências graves desta exposição.

Este documento foi encomendado pelo Presidente de França, Emmanuel Macron, em Janeiro passado, e foi elaborado por uma Comissão de Especialistas composta por 10 elementos.

“Ficámos chocados com o que vimos”, notam estes peritos no relatório que é citado pelo jornal francês Ouest-France.

O documento alerta para “a realidade da hiperconexão sofrida pelas crianças” e para “as consequências para a sua saúde, o seu desenvolvimento, o seu futuro”, mas também para o próprio futuro “da nossa sociedade, da nossa civilização”.

“Os nossos filhos tornaram-se numa mercadoria”, lamentam os especialistas no relatório, onde mostram “as estratégias técnicas e numéricas” aplicadas pelos “actores económicos” para “captar a atenção das crianças”.

“Os preconceitos cognitivos são usados ​​para bloquear as crianças nos seus ecrãs, controlá-las, reengajá-las e rentabilizá-las”, apontam ainda, notando que se trata de “uma economia da captura”.

“O que nos choca é que os profissionais não têm como prioridade a protecção das crianças“, lamenta o co-presidente da Comissão de Especialistas, o neurologista e neurofisiologista Servane Mouton, em declarações citadas pelo Ouest-France.

“Os pais estão quase fora de cena”

No meio disto tudo, “os pais estão quase fora de cena, enfrentando um mercado que se impôs à sociedade“, alerta-se também no relatório.

As actividades realizadas pelas crianças nos ecrãs, sejam telemóveis, tablets ou computadores, são “sedentárias” e “aumentam o risco de doenças cardiovasculares e de excesso de peso“, apontam ainda os peritos.

Além disso, a exposição aos ecrãs também afecta a qualidade do sono – e “a falta de sono prejudica a capacidade de aprender“, bem como “prejudica a saúde e expõe a pessoa a doenças psiquiátricas”, destaca-se no relatório.

Há ainda que considerar os problemas de visão, nomeadamente o facto de a luz artificial poder contribuir para a miopia e para problemas oftalmológicos.

As redes sociais merecem uma nota em concreto, com os peritos a considerarem que são um “factor de risco” para problemas psicológicos como a depressão e a ansiedade, em caso de “vulnerabilidade pré-existente”.

Os especialistas sublinham ainda que o “nível de exposição das crianças” a conteúdos pornográficos e violentos “parece alarmante“.

Telemóvel só depois dos 11 anos (e com Internet só depois dos 13)

Assim, os peritos recomendam que os ecrãs sejam totalmente proibidos até aos 3 anos de idade.

Dos 3 aos 6 anos não recomendamos os ecrãs, mas se os pais o fizerem, devemos garantir o valor educativo do conteúdo e apoiar a criança” no seu uso, recomendam ainda.

A Comissão indica que os telemóveis só devem ser permitidos a partir dos 11 anos, e que os adolescentes devem ter estes dispositivos sem Internet até aos 13 anos.

A partir dos 13 anos, os pais devem dar aos filhos um telemóvel sem acesso às redes sociais, o que só deve ocorrer a partir dos 15 anos, mas nem em todas.

Mas também é importante tentar que uma criança não seja exposta a ecrãs antes de ir para a escola, para não correr o risco de ter a sua capacidade de atenção afectada. E não devem ser usados antes de dormir, para não dificultar o sono.

Finalmente, a Comissão propõe que os computadores e as televisões sejam proibidas nas creches e nas escolas primárias.

Susana Valente, ZAP //

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1 Comment

  1. Medida sensata . Quando se constata os efeitos nefastos en termos de Saúde mental nestas tenras idades , que por natureza são altamente influenciáveis !

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