Atividade online causa problemas de ansiedade e de sono em 65% dos jovens

Um inquérito sobre hábitos online e saúde mental realizado pela Deco Proteste revelou que 65% dos jovens inquiridos têm pelo menos um problema causado “parcialmente” pela atividade online, sendo a ansiedade o mais identificado.

A ansiedade foi referida por 49% dos jovens, seguindo-se as mudanças de humor e as dificuldades em dormir, que afetam 34% e 33% dos inquiridos, respetivamente, relatou este sábado o Expresso. Os “ataques de raiva” foram referidos por 14% dos jovens e a depressão por 13%.

Os inquérito foi realizado em 2022 e contou com a participação de 487 adolescentes entre os 15 e os 17 anos, numa amostra representativa desta população.

Os jovens passam, em média, duas horas e 47 minutos por dia na Internet, durante a semana. Ao fim de semana são três horas e 40 minutos por dia, em média.

Outro inquérito realizado junto de 937 pais, que avaliou a sua perceção sobre a atividade online dos filhos e impacto na saúde mental, mostrou grandes discrepâncias entre as respostas de uns e de outros.

“Há um alheamento dos progenitores relativamente às dificuldades e hábitos online dos filhos. Estão em lados opostos”, referiu Marta Mesquita, porta-voz da Deco Proteste.

Apenas 17% dos pais reconhecem a existência de sintomas de ansiedade nos filhos. Em termos globais, os progenitores atribuem 8,4 (numa escala de 0 a 10) à saúde mental dos descendentes, mas estes ficam-se pelos 6,8 pontos.

Os pais também pensam que os filhos utilizam mais a Internet para realizar atividades escolares do que na realidade acontece (87% contra 75%) e subavaliam determinados comportamentos dos adolescentes, como as apostas e compras online, e a exposição a pornografia “indesejada”.

Segundo o inquérito, 48% dos progenitores garante ter conversas com os filhos sobre os hábitos online e 34% estabelece um tempo-limite para a atividade. Mas cerca de 20% dos jovens admitem ter criado uma segunda conta nas redes sociais a que só eles têm acesso e 15% bloquearam os pais nestas plataformas.

Com o inquérito não se pretende “diabolizar a Internet e as redes sociais”, disse Marta Mesquita, destacando a importância de os pais “estarem mais atentos” aos comportamentos online dos filhos, estabelecendo um “diálogo aberto e equilibrado”.

“Uma utilização saudável da Internet evita patologias de saúde mental”, sublinhou ainda.

ZAP //

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