Empresa do setor da defesa atingiu valorização superior a 1,2 mil milhões de euros. “Europa precisa de companhias com raízes na IA e autonomia, que trabalhem com escala e que possam inovar a ritmo acelerado… e precisa delas agora”, diz CEO.
Portugal volta a ter 7 unicórnios esta terça-feira. O mais recente foi anunciado esta manhã, e é especializado em drones e sistemas autónomos baseados em Inteligência Artificial (IA). Atingiu, após nova ronda de investimento, uma valorização superior a 1,2 mil milhões de euros, podendo assim ser elevada ao estatuto de “unicórnio” — aplicável a empresas avaliadas em mais de mil milhões.
O seu nome é Tekever e junta-se assim à Outsystems, Feedzai, Remote, Anchorage Digital, Sword Health e Talkdesk no estatuto dos mil milhões. A ronda de financiamento, cujo montante não foi divulgado, foi “totalmente subscrita por atuais investidores” já associados à empresa, incluindo a Ventura Capital, Baillie Gifford, NATO Innovation Fund, Iberis Capital e Crescent Cove, anunciou a empresa em comunicado esta terça-feira.
“Fornecedor líder europeu de sistemas autónomos de IA”, a Tekever conta atualmente com cerca de mil colaboradores. Fornece drones, por exemplo, às tropas ucranianas para repelar a ofensiva russa em operações terrestres e marítimas, através de um fundo liderado pelo Reino Unido.
A empresa opera num total de seis países europeus, aponta o ECO. Tem centros de engenharia em Portugal, Reino Unido e França e instalações de produção em vários mercados e equipas de apoio operacional em toda a Europa.
A multinacional portuguesa lidera também um consórcio europeu que vai desenvolver um projecto para melhorar as comunicações entre satélites, e destes para a Terra, e vai fabricar um dos maiores aviões não tripulados do mundo.
Uns dos principais produtos da empresa são o AR3 Net Ray e o AR5 Life Ray, drones de média e longa autonomia utilizados para patrulhamento marítimo, deteção de embarcações ilegais, tráfico e salvamento, sistemas usados por várias entidades europeias, incluindo a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).
Além de combinar inteligência artificial, sensores de alta tecnologia e comunicações via satélite para fornecer dados em tempo real às autoridades, a empresa desenvolve soluções de software para análise de dados e tomada de decisão.
“Este marco cimenta a Tekever como um líder nas Deftech e alimenta a sua contínua expansão na Europa, à medida que a companhia persegue a liderança global na defesa e segurança impulsionada pela IA”, pode ler-se ainda no comunicado.
O fundador e CEO da empresa, Ricardo Mendes, sublinha no Linkedin que “a Europa enfrenta um enorme desafio de segurança. Dado o momento geopolítico, a arquitetura de segurança europeia está a ser redesenhada, e a Europa precisa de companhias com raízes na IA e autonomia, que trabalhem com escala e que possam inovar a ritmo acelerado… e precisa delas agora”.
“Temo-nos vindo a preparar há muito tempo e acreditamos que podemos ter um papel significativo neste momento de profunda mudança”, lembra ainda Ricardo Mendes.