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O crime ocorreu na Avenida do Repatriamento dos Poveiros
O assassinato a tiro de Rafael Lourenço, um dos líderes do gangue dos “Fantasmas do Cajuru”, alertou as autoridades para a presença do grupo criminoso brasileiro em Portugal.
A execução de Rafael Lourenço, de 35 anos, na madrugada de domingo, na Póvoa de Varzim, revelou a presença em Portugal dos “Fantasmas do Cajuru”, um violento grupo criminoso brasileiro que até agora não tinha sido detetado pelas autoridades nacionais. Conhecido como “Rafinha”, Lourenço era apontado como um dos líderes da organização, criada há mais de 20 anos no bairro do Cajuru, em Curitiba, no estado do Paraná.
O criminoso chegou a Portugal em abril, vindo de Assunção (Paraguai) para Madrid, e depois por via terrestre até Lisboa. Estava a viver discretamente em Odivelas, em fuga às autoridades após ter sido condenado à prisão em 2023 por associação criminosa, tráfico de droga, branqueamento de capitais e posse ilegal de arma. A fuga ocorreu após a execução, no Brasil, do seu parceiro e cofundador do grupo, Bruno “Negão”, em março de 2024.
Inicialmente dedicado a assaltos e furtos, o grupo passou, a partir de 2020, a centrar-se no tráfico internacional de cocaína para a Europa, negócio que poderá ter rendido 40 milhões de euros nos últimos cinco anos. É também suspeito de vários homicídios, incluindo o assassinato de um polícia militar com mais de 40 disparos, em janeiro. A “Operação Fantasma” da Polícia Civil de Curitiba revelou ainda um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro, sustentado por empresas de fachada e um estilo de vida luxuoso.
As autoridades brasileiras acreditam que os “Fantasmas do Cajuru” colaboravam com o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa da América Latina, com presença confirmada em Portugal. Não se exclui o envolvimento do PCC na morte de “Rafinha”, refere o Correio da Manhã.
Na madrugada do crime, Lourenço foi perseguido e atingido a tiro na Avenida do Repatriamento dos Poveiros. Apesar de ferido, percorreu cerca de 200 metros até próximo da sua viatura, na Avenida Vasco da Gama, onde foi atingido mortalmente na cabeça. No total, sofreu sete ferimentos de bala. A investigação aponta para dois executores, que terão disparado 13 vezes antes de fugir a alta velocidade.
Um dispositivo GPS encontrado no carro da vítima indica que poderá ter sido vigiado antes da execução. A polícia brasileira suspeitava que Lourenço estava escondido no Nordeste do Brasil, mas afinal encontrava-se em território português.