“Técnica do macho tóxico” usa sémen venenoso para nos livrar de insetos que passam doenças

Se forem inseridos venenos de aranhas e anémonas-do-mar nos sistemas reprodutivos dos machos, alguns insetos que propagam doenças podem ser eliminados, sugere novo estudo.

Samuel Beach e Maciej Maselko, da Universidade de Macquarie, na Austrália, desenvolveram aquilo a que chamam a “técnica do macho tóxico”, em que os insetos são geneticamente modificados para expressarem as proteínas do veneno de outras espécies nas glândulas do seu sistema reprodutor. Trata-se, portanto, de modificação do sémen desses insetos venenosos.

No estudo, publicado esta terça feira na Nature, os investigadores testaram sete proteínas de veneno diferentes em machos da mosca da fruta (Drosophila melanogaster).

As proteínas venenosas da aranha Phoneutria nigriventer e da anémona do mar Anemonia sulcata foram as que tiveram o melhor desempenho, reduzindo a esperança média de vida das fêmeas acasaladas entre 37 e 64%, conta a New Scientist.

No caso dos mosquitos que transportam febre amarela, por exemplo, bastam mesmo taxas modestas de mortalidade, que podem já reduzir as populações de fêmeas mais rapidamente do que outras abordagens e diminuir a alimentação sanguínea entre 40% a 60%.

Outra espécie perigosa, o parasita da lagarta da rosca, foi controlada com sucesso através da libertação de um grande número de machos estéreis na natureza, de modo a que muitas fêmeas acasalem sem sucesso e a população da geração seguinte seja reduzida.

“Precisamos de mais dois a três anos para desenvolver estirpes de mosquitos prontas para ensaios de campo e para realizar as experiências necessárias para garantir que a tecnologia não tem efeitos negativos inesperados”, diz Maselko.

“Sabemos muito mais sobre a genética da Drosophila do que sobre qualquer inseto praga. Conseguir a expressão exata no local certo seria mais problemático numa praga, mas não vejo nenhuma razão fundamental para não conseguir que isto funcione”, comenta Luke Alphey da Universidade de York, Reino Unido.

Depois dos testes feitos, os investigadores prometem que “a implantação comercial poderá ser possível dentro de mais dois anos”.

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