A associação nacional que representa os taxistas anunciou hoje protestos na rua para o início de setembro, contra a plataforma privada de táxis Uber que, segundo estes profissionais, continua a operar em Portugal apesar de impedida pelo tribunal.
A decisão surge após reuniões de empresários de táxis, promovidas pela Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), no Porto e em Coimbra, estando marcada nova reunião para hoje em Lisboa e outra na segunda-feira em Faro.
“Eles são ilegais, [mas] continuam a atuar e a coberto do Governo. Não podemos permitir uma situação destas e iremos para a rua, com toda a força, mostrar ao Governo que têm de atuar e fazer cumprir a ordem jurídica e dos tribunais deste país. O Governo não pode estar fora da lei, tem de fazer cumprir a lei, que é para isso que foi eleito”, afirmou Florêncio Almeida, o presidente ANTRAL.
“Não vamos fazer qualquer manifestação na campanha eleitoral, porque não queremos, de maneira nenhuma, interferir nesse período. Por isso, teremos de o fazer enquanto este Governo estiver no seu exercício”, justificou.
O Tribunal Central de Lisboa aceitou a 28 de abril deste ano uma providência cautelar interposta pela ANTRAL, e proibiu os serviços da aplicação de transportes Uber em Portugal, decisão que foi confirmada pelo mesmo tribunal em junho.
Nessa ocasião, fonte da Uber disse que a ANTRAL se enganou na empresa contra a qual dirigiu a providência cautelar e que acusou a Uber de prestar um serviço que não é prestado em Portugal – o Uber-Pop, que permite a qualquer pessoa, sem formação, disponibilizar o seu carro pessoal na plataforma e transportar clientes.
“Isto está na base da decisão da juíza contra a Uber, mas não existe cá em Portugal. Não é só o facto de se terem enganado na empresa”, acrescentando que a Uber em Portugal trabalha apenas com parceiros credenciados, como táxis descaracterizados, “rent-a-car” e operadores turísticos.
O presidente da ANTRAL sublinhou que a Uber “continua a trabalhar da mesma forma” que trabalhava antes da decisão do tribunal.
“O Governo e as forças policiais nada fazem. Quando é para se mandar parar um táxi e fiscalizá-lo é fácil. Há aqui um encobrimento da parte do Governo”, frisou Florêncio Almeida.
Para este responsável, “há muitas formas” de parar a Uber, mas o “Governo não quer porque é cúmplice, principalmente o secretário de Estado dos Transportes [Sérgio Monteiro]”.
O presidente da ANTRAL admitiu ter receio quanto ao desfecho dos protestos de setembro, lembrando o que aconteceu em França, em junho último, quando milhares de taxistas se manifestaram violentamente nas ruas de Paris, após a empresa norte-americana Uber decidir estender seus serviços a várias cidades francesas.
“Não tenho dúvidas de que nós vamos mesmo para a rua e com bastante força. Depois se as coisas descambarem, só temos de condenar o Governo porque não soube acautelar os interesses das pessoas que estão a trabalhar legalmente neste país e a cumprir com a lei”, assegurou Florêncio Almeida.
/Lusa