A companhia aérea TAP passou de quinto para terceiro lugar no ranking das empresas portuguesas com mais emissões de dióxido de carbono, entre 2018 e 2019.
De acordo com a associação ambientalista Zero, a TAP é o terceiro maior poluidor nacional, enquanto que a nível europeu se encontra entre as 10 companhias aéreas mais poluentes. Os dados da associação têm como base apenas os voos dentro da Europa, contabilizados no âmbito do Comércio Europeu de Licenças de Emissão.
“Só em 2019, a companhia aérea portuguesa emitiu 1,4 milhões de toneladas de CO2” adianta a Zero, questionando o Executivo de António Costa: “Vai o Governo falhar os compromissos climáticos e uma tributação justa na viabilização da TAP?”
Ao Expresso, Francisco Ferreira, presidente da Zero, referiu que, “ao contrário do que está a acontecer com a Air France, a KLM ou a Austrian Airlines, em Portugal há total ausência de contrapartidas ambientais na negociação dos apoios à TAP”, uma postura que o responsável considera “contraditória com a posição ambiciosa de Portugal no combate às alterações climáticas”.
Mas a Zero não é a única associação ambientalista preocupada com esta situação, numa altura em que se discutem os apoios que os Governos vão dar às companhias aéreas afetadas pela crise pandémica da covid-19.
São várias as associações e personalidades nacionais, ouvidas pelo ministro do Ambiente, que consideram que não se deve apoiar a TAP sem contrapartidas ambientais e que se deve fazer uso do dinheiro dos contribuintes de forma sustentável e sem “tratamento preferencial” face a outras empresas.
As condições defendidas pelas organizações passa por compromissos das companhias aéreas com a inovação, metas para o uso de combustíveis mais limpos ou garantias de eliminação de voos de curta distância; pelo fim dos subsídios ou isenções a combustíveis poluentes; pela inclusão das emissões da aviação nos planos de descarbonização nacionais antes de 2050; pelo apoio aos trabalhadores; ou pela aplicação de IVA sobre os bilhetes.
Apesar de as emissões europeias de CO2 na aviação terem aumentado 27,6% nos últimos seis anos, os dados da Zero revelam que “as isenções na Europa estão avaliadas em 39,9 mil milhões de euros para o IVA e 26,9 mil milhões de euros para o imposto de querosene não cobrado”.