Também há surf no Espaço. Cientistas detetam ondas de metano líquido na lua de Saturno

NASA / JPL-Caltech

Investigadores do MIT descobriram que a atividade das ondas em Titã, a maior lua de Saturno, pode ser suficientemente forte para corroer as linhas costeiras dos seus lagos e mares de metano e etano.

Titã, a maior lua de Saturno, é o único corpo planetário do sistema solar, para além do nosso, que alberga atualmente rios, lagos e mares ativos.

A existência de mares e lagos de Titã foi confirmada em 2007, com imagens obtidas pela sonda Cassini da NASA. Desde então, os cientistas procuram pistas sobre o misterioso ambiente líquido da lua através dessas imagens.

Segundo apontam as evidências recolhidas até agora, os sistemas fluviais de Titã estão cheios de metano e etano líquidos, que fluem para grandes lagos e mares — alguns tão grandes como os Grandes Lagos na Terra.

Num novo estudo, publicado esta quarta-feira no Science Advances, os autores estudaram as linhas costeiras de Titã e mostraram, através de simulações, que os grandes mares da lua foram provavelmente moldados por ondas.

Segundo o MIT News, a equipa adotou uma abordagem diferente para investigar a presença de ondas em Titã, começando por modelar as formas como um lago pode sofrer erosão na Terra.

Seguidamente, aplicaram modelação aos seus mares para determinar que forma de erosão poderia ter produzido as linhas costeiras observadas pelas imagens da Cassini.

“Podemos afirmar, com base nos nossos resultados, que, se as linhas costeiras dos mares de Titã sofreram erosão, as ondas são o culpado mais provável“, salienta o professor e principal autor do estudo, Taylor Perron.

“Se pudéssemos estar à beira de um dos mares de Titã, poderíamos ver ondas de metano e etano líquidos a bater e a embater nas costas durante as tempestades. E seriam capazes de erodir o material de que a costa é feita”.

Os cientistas acreditam que os mares de Titã se formaram quando os níveis de líquido inundaram uma paisagem atravessada por vales fluviais e por tal, concentraram-se em três cenários para o que poderia ter acontecido a seguir.

Os cenários foram denominados como a ausência de erosão costeira, a erosão impulsionada pelas ondas e “erosão uniforme“, impulsionada quer por “dissolução”, em que o líquido dissolve passivamente o material da costa, quer por um mecanismo em que a costa se desgasta gradualmente com o seu próprio peso.

Além disto, também simularam a evolução de várias formas da linha da costa em cada um dos três cenários. Para simular a erosão provocada pelas ondas, tiveram em conta uma variável conhecida por “fetch“, que descreve a distância física entre um ponto da linha de costa e o lado oposto de um lago ou mar.

Para testar a diferença entre as formas da linha de costa nos três cenários, os investigadores simularam um mar com vales fluviais inundados nas suas margens.

Para a erosão provocada pelas ondas, calcularam a distância entre cada ponto da linha de costa e cada outro ponto e converteram essas distâncias em alturas de onda.

Em seguida, efetuaram a sua simulação para ver como as ondas corroíam a linha de costa inicial ao longo do tempo e compararam esta simulação com a forma como a mesma linha costeira evoluiria sob a ação da erosão uniforme.

Com a realização do estudo, os cientistas verificaram que as formas finais eram muito diferentes consoante o mecanismo subjacente.

A erosão uniforme produziu linhas costeiras insufladas que se alargaram uniformemente a toda a volta, enquanto a erosão das ondas suavizou principalmente as partes das linhas costeiras expostas a longas distâncias de arrastamento, deixando os vales inundados estreitos e ásperos.

Assim, a sua modelação revelou formas claras e características das linhas costeiras, dependendo do mecanismo pelo qual evoluíram.

Soraia Ferreira, ZAP //

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