No “arquipélago dos imortais” é proibido nascer, morrer e ter gatos

patano

Ny-Ålesund, Svalbard

Nas ilhas de Slavbard é também proibido andar desarmado fora das áreas urbanas, porque há um urso polar por habitante. É um lugar único no mundo: ambiental e judicialmente.

No arquipélago norueguês de Svalbard, vigora desde 1950 uma curiosa lei: é proibido morrer e nascer. Com um ambiente natural único, o ponto da Terra permanentemente habitado mais próximo do Polo Norte também é judicialmente extraordinário.

Quem estiver no no território do Ártico e às portas da morte tem, por lei, de ser levado para o continente, a cerca de 800 quilómetros de distância, para receber tratamento hospitalar e ser enterrado fora do conjunto de ilhas que conta com quase 3 mil habitantes.

E a regra não é só para quem está no leito da morte: também é proibido nascer em Slavbard. Mas as razões que levaram à criação destas duas políticas são diferentes.

Proibido morrer

A morte não é bem vinda em Svalbard devido à presença de permafrost, uma camada de solo permanentemente congelada que impede a decomposição dos corpos enterrados.

Se houvesse enterros nesta região próxima da Gronelândia, a saúde dos habitantes ficaria comprometida, uma vez que vírus e bactérias seriam preservados nos cadáveres durante longos períodos de tempo, possivelmente milhares de anos.

Aliás, a região aprendeu isso da pior maneira: em , foram descobertos nas ilhas vestígios do vírus da gripe de 1918 em cadáveres enterrados na região.

Proibido nascer

Mas em Svalbard, também não pode nascer nenhum bebé, não por culpa do permafrost, mas sim por ausência das infraestruturas sanitárias necessárias. As mulheres grávidas têm indicação das autoridades para abandonar as ilhas três semanas antes de dar à luz.

Mas atenção: a lei não significa que lhe seria recusado dar à luz em Svalbard se o bebé ‘se lembrasse’ de sair de repente. O conjunto de ilhas tem um hospital preparado para urgências, como partos prematuros. O que acontece depois, no entanto? “Papelada”. disse em 2018 a guia turística Hella ao Stuff.

Nada de gatos (nem furões)

As leis peculiares deste arquipélago não se ficam por aqui: entre a vida e a morte, é também proibido ter gatos como animais de estimação, de forma a proteger a biodiversidade.

Se quiser levar um cão para Svalbard, é necessária uma autorização da Autoridade Norueguesa para a Segurança Alimentar, mas não são emitidas autorizações para levar gatos ou furões para Svalbard“, segundo o Conselho Nórdico de Ministros.

Se tiver coelhos, hamsters, ratos, pássaros ou peixes, esteja descansado: podem entrar à vontade no arquipélago.

Proibido não ter uma arma

Com uma média de um urso polar por habitante, Svalbard tem um dos ambientes mais extremos do planeta.

Apesar de ter políticas de proteção ambiental rigorosas — 65% do território está classificado como área protegida e a lei proíbe perturbar a vida selvagem — os residentes e turistas são, desde 2012, obrigados a andar armados fora das povoações para sua proteção e a notificar as autoridades sempre que viagem para fora das áreas urbanizadas, onde encontram a beleza natural de montanhas, geleiras, fiordes e auroras boreais.

Se gostou da descrição deste lugar único no mundo, pode ser um dos “imortais” quando quiser: Svalbard tem um estatuto especial de imigração que dita que qualquer pessoa, independentemente da sua nacionalidade, possa lá viver e trabalhar sem visto. Além disso, há menos impostos do que no continente norueguês, para compensar o ambiente bravio em que teria de viver.

Tomás Guimarães, ZAP //

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