Suu Kyi garante regresso dos mais de 400 mil Rohingyas à Birmânia

Htoo Tay Zar / Wikimedia

Aung San Suu Kyi

A líder de facto da Birmânia, a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, prometeu levar ajuda humanitária à região habitada pela minoria muçulmana ‘rohingya’ no estado de Rakhine, no oeste do país.

Aung San Suu Kyi também se comprometeu a resolver nos tribunais qualquer violação dos direitos humanos que possa ter ocorrido em Rakhine durante a ofensiva militar em resposta a um ataque de militantes ‘rohinya’ no passado 25 de agosto.

A líder da Birmânia e Nobel da Paz fez o anúncio numa conferência de imprensa realizada em Naipidaw na presença de diplomatas, autoridades e jornalistas e disse que o país está “pronto” para organizar o regresso de mais de 410 mil rohingyas refugiados no Bangladesh.

Suu Kyi afirmou “lamentar profundamente” a situação dos civis apanhados pela crise no estado de Rakhine. “Estamos prontos para iniciar a verificação” das identidades dos refugiados, com vista ao seu regresso”, disse.

A líder birmanesa disse que “apesar de todos os esforços” o Governo não conseguiu acabar com o conflito. “Não é intenção do governo evitar as responsabilidades”, continuou.

A Nobel da Paz também sublinhou que “condena todas as violações dos direitos humanos”.

Depois da conferência de imprensa, a Amnistia Internacional acusou a líder birmanesa de “praticar a política de avestruz” em relação “aos horrores” que se verificam no país.

“Existem provas ‘esmagadoras’ de que as forças de segurança estão envolvidas numa campanha de limpeza étnica”, acrescenta a organização não governamental.

Os investigadores da ONU que acompanham a situação na Birmânia, por sua vez, reiteraram o apelo “a um acesso completo e sem obstáculos” ao país, demonstrando “grande preocupação” sobre os direitos humanos.

“É importante vermos com os nossos próprios olhos onde se localizam os alegados abusos para falarmos diretamente com as pessoas afetadas e com as autoridades”, disse a presidente da missão de estabilização para a Birmânia, Marzuki Darusman, perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

Cerca de 400 mil rohingyas, uma minoria muçulmana na Birmânia, fugiram para o Bangladesh desde 25 de agosto devido a uma onda de repressão e violência por parte do exército birmanês, no oeste do país, maioritariamente budista, depois de uma série de ataques da rebelião rohingya.

As Nações Unidas consideraram esta violência como uma “limpeza étnica”.

Este conflito tem gerado a indignação da comunidade internacional e uma onda de solidariedade no mundo muçulmano e já se registaram manifestações de apoio aos rohingyas em países como o Paquistão, Malásia ou Indonésia.

Grupos islâmicos do Bangladesh apelaram ao seu Governo para que entre em guerra contra a Birmânia e intervenha militarmente no estado de Rakhine em defesa dos rohingyas.

A crise no país motivou vários protestos de organizações internacionais e uma petição com mais de meio milhão de subscritores a pedir a retirada do prémio Nobel da Paz a Aung San Suu Kyi.

ZAP // Lusa

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