Os humanos exploraram o supercontinente Sahul. Demoraram 10 mil anos

Stefani Crabtree et al.

Supercontinente de Sahul

Um novo estudo revela que os antigos humanos podem ter demorado até 10 mil anos para explorar o supercontinente de Sahul — o dobro do que se pensava.

O antigo supercontinente de Sahul, também conhecido como Grande Austrália, era uma massa de terra que existiu durante a última Idade do Gelo, quando os níveis do mar eram muito mais baixos do que agora.

Consistia no que hoje são a Austrália, a Tasmânia, as ilhas Aru e partes da Papua-Nova Guiné. O continente foi colonizado pela primeira vez por indígenas australianos há cerca de 60.000 anos.

Cientistas descobriram agora mais sobre as rotas usadas e o tempo que levaram para explorar completamente as extremidades de Sahul, escreve o ScienceAlert. Pode ter demorado até 10 mil anos para ser completamente percorrido pelos antigos humanos — o dobro daquilo que se pensava.

Os cientistas da Flinders University, na Austrália, desenvolveram um modelo que tem em consideração fatores como a capacidade da terra de fornecer alimentos, a distribuição de fontes de água e a topografia da paisagem.

“As formas como as pessoas interagem com o terreno, a ecologia e potencialmente outras pessoas alteram os resultados do nosso modelo, fornecendo resultados mais realistas”, diz o ecologista Corey Bradshaw, coautor do estudo, num comunicado divulgado pela Flinders University.

Mapa do supercontinente de Sahul

O trabalho desta equipa de cientistas teve como base dois estudos anteriores. O novo modelo conseguiu identificar um novo corredor, não detetado nos outros estudos, usado na migração para o sul através do centro de Sahul.

“Uma pessoa a caminhar na paisagem e a escolher este caminho básico repetidamente provavelmente levaria a corredores de migração porque os indivíduos transmitem o conhecimento da paisagem ao longo do tempo para o resto da população”, escrevem os autores no artigo publicado na revista Quaternary Science Reviews.

Os resultados da investigação sugerem que a migração terá começado através de Timor-Leste e, mais tarde, passado pelo ocidente da Papua-Nova Guiné. Os autores argumentam que as viagens para a Tasmânia teriam sido restringidas pela subida e descida do nível do mar no Estreito de Bass.

Os investigadores acreditam que as suas descobertas podem ser aplicadas a outras partes do mundo. O seu modelo pode ser usado para perceber como é que o Homo sapiens saiu de África, passou pela Ásia e chegou às Américas, por exemplo.

Daniel Costa, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.