Super-terra descoberta na zona habitável de uma das estrelas “vizinhas” do Sol

Gabriel Pérez Díaz (SMM, IAC)

A super-terra GJ 3998 d, a 59 anos-luz da Terra.

Está a “apenas” 59 anos-luz da Terra e tem o sêxtuplo do tamanho do Planeta Azul. A sua natureza rochosa pode torná-lo adequado para albergar vida.

Na zona habitável de uma anã vermelha próxima, uma equipa internacional de cientistas descobriu uma super-Terra a orbitar a 59 anos-luz da Terra.

O planeta, que recebeu o nome GJ 3998 d, é o terceiro a ser descoberto neste sistema, na zona da GJ 3998, uma das estrelas mais próximas do Sol. É uma super-Terra com uma massa 6 vezes superior à da Terra e está numa zona onde as condições podem permitir a existência de água líquida na sua superfície.

O planeta, segundo o estudo da equipa liderada por Atanas Stefanov, um estudante do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), e publicado esta terça-feira na Astronomy & Astrophysics, orbita a sua estrela a cada 41,8 dias e recebe apenas mais 20% de insolação estelar do que a Terra recebe do Sol, o que faz dele um forte candidato para estudos de futura habitabilidade da humanidade.

Apesar das diferenças em relação à Terra, a natureza rochosa do planeta pode torná-lo adequado para albergar vida, para a qual a água líquida um requisito fundamental.

“Embora seja certamente diferente da Terra, se o planeta for rochoso, pode ser capaz de hospedar água líquida à sua superfície, um dos principais requisitos para a vida”, confirma Jonay I. González Hernández, investigador do IAC e coautor do estudo.

O GJ 3998 d “dá-nos mais um motivo para continuar a procurar planetas habitáveis à nossa volta”, frisou Stefanov em comunicado do IAC. A proximidade do sistema faz de GJ 3998 d um excelente alvo para estudos atmosféricos, particularmente com o próximo espetrógrafo ANDES no Extremely Large Telescope (ELT) e o telescópio Exo Life Finder (ELF), que  poderão permitir aos cientistas investigar a atmosfera do planeta em busca de sinais de oxigénio e potenciais bioassinaturas.

A anã vermelha GJ 3998 é uma estrela relativamente pequena e fria, o que faz com que a sua zona habitável esteja mais próxima da estrela do que a do Sol e oferece-nos uma oportunidade única para estudar planetas nas zonas habitáveis de anãs vermelhas, que são o tipo de estrela mais comum na nossa galáxia.

Neste caso, a equipa usou o espetrógrafo HARPS-N no Telescópio Nacional Galileu (TNG) em La Palma para detetar oscilações subtis no movimento da estrela, que indica a presença de planetas.

Mas para contar a história toda deste planeta é preciso recuar a um estudo de 2016 que revelou a existência de dois planetas no sistema. Agora, o novo sinal detetado nos dados mais recentes levou a novas observações e à confirmação de GJ 3998 d.

No total, o sistema conta agora com três planetas conhecidos.

ZAP //

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