Sudão. Os militares querem entregar o poder ao povo, mas os manifestantes desconfiam

STR / EPA

A liderança militar do Sudão promete entregar o “poder ao povo”, mas os manifestantes estão desconfiados. Depois das conversações levadas a cabo no sábado, os manifestantes cortaram o contacto com o conselho militar interino. 

Os líderes dos manifestantes declararam terem cortado o contacto com o conselho militar transitório, que substituiu no dia 11 de abril o Presidente deposto Omar al-Bashir. Segundo os manifestantes, entre os militares há “restos” do Governo de Bashir.

Este domingo à noite, milhares de manifestantes reuniram-se em frente ao quartel-general em Cartum para um encontro com elementos do conselho militar onde anunciaram que um conselho civil tomará o poder. Segundo o Expresso, os manifestantes declararam ter cortado contacto com os militares por “não os considerarem sérios” na sua intenção de entregar o poder.

“Não temos a ambição de ficar no poder mais do que o tempo acordado com os partidos da oposição. Estamos à espera que a oposição apresente a sua proposta”, afirmou o general Abdel Fattah al-Buhran na televisão estatal.

“Vamos continuar os nossos protestos e vamos escalar os nossos protestos. Vamos boicotar as conversações com o conselho militar”, disse Mohamed al-Amin Abdulaziz, porta-voz da Associação de Profissionais Sudaneses.

O objetivo dos milhares de cidadãos que iniciaram os protestos em dezembro é que o conselho militar dê lugar a um governo de transição que leve à convocatória de eleições.

Apoio financeiro de 2,7 mil milhões de euros

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos anunciaram este domingo um apoio financeiro conjunto de 3 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros) ao Sudão, que começou uma transição difícil depois da destituição do presidente Omar el-Béchir.

O apoio financeiro assume a forma de depósito de 500 milhões de dólares (445 milhões de euros) ao banco central sudanês e 2,5 mil milhões de dólares (2,2 mil milhões de euros) destinados a financiar as necessidades do povo sudanês em produtos alimentares, medicamentos e produtos petrolíferos, indicou a agência sudanesa oficial SPA, citada pela France Press, sem especificar se se trata de doações ou empréstimos.

“Conscientes da necessidade de ajudar o povo irmão sudanês” e “em apoio à República do Sudão, os dois países decidiram prestar esta ajuda em conjunto“, escreveu a agência.

O depósito no banco central do Sudão destina-se a apoiar a libra sudanesa, aliviar a pressão a que está sujeita e estabilizar a sua taxa de câmbio.

A libra sudanesa valorizou fortemente no mercado negro e tem valorizado face ao dólar desde a queda do presidente Omar el-Bashir, que deixa antever um fluxo de dólares ao país confrontado há vários anos com a escassez de moeda estrangeira.

ZAP // Lusa

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