Stonehenge. Ferramentas revelam como artefactos de ouro eram trabalhados há 4.000 anos

Ao examinar artefactos de um cemitério da Idade do Bronze com 4.000 anos perto de Stonehenge, no Reino Unido, um grupo de arqueólogos descobriu um conjunto de ferramentas usadas para trabalhar objetos e revestimentos de ouro que não tinham sido previamente identificadas.

O local da descoberta, a área de Upton Lovell G2a ‘Wessex Culture’, foi escavado há mais de 200 anos e é crucial para a nossa compreensão da Grã-Bretanha da Idade do Bronze. No entanto, o que não tinha sido descoberto antes era que alguns dos utensílios tinham vestígios de ouro, noticiou o Science Alert.

Dois corpos foram recuperados de Upton Lovell G2a, com a equipa a sugerir que um deles era ourives. Esta nova avaliação do conteúdo encontrado no local oferece uma visão mais profunda da vida e do trabalho há 4.000 anos.

“Esta é uma descoberta realmente excitante”, disse a arqueóloga Rachel Crellin, da Universidade de Leicester, no Reino Unido. “O que o nosso trabalho revelou foi um humilde kit de ferramentas de pedra, usado para fazer objetos de ouro”, indicou.

Foi uma nova análise de desgaste que revelou pela primeira vez resíduos de ouro em alguns dos objetos de pedra e de cobre. Tornou-se também evidente que as ferramentas foram utilizadas para outros fins: não apenas para martelar, por exemplo, mas também para suavizar.

Estudos adicionais com um microscópio eletrónico e um espectrómetro de dispersão de energia confirmaram que se tratava de ouro de tempos antigos. As conclusões foram relatadas num estudo publicado recentemente na Antiquity.

C. Tsoraki / Museu Wiltshire, Devizes

Micro vestígios de desgaste em pedras de polir

A equipa identificou resíduos de ouro em cinco artefactos e detetou uma assinatura elementar consistente com o trabalho de ouro da Idade do Bronze encontrado em todo o Reino Unido. Essas ferramentas eram provavelmente utilizadas para decorar objetos feitos de outros materiais – como âmbar, madeira ou cobre – com ouro.

“O homem enterrado em Upton Lovell, perto de Stonehenge, era um artesão altamente qualificado, especializado em objetos de ouro”, referiu Lisa Brown, uma curadora no Museu Wiltshire, onde os novos achados estão a ser expostos.

“O seu manto cerimonial, decorado com ossos de animais trespassados, também indica que era um líder espiritual e uma das poucas pessoas no início da Idade do Bronze que compreendia a magia da metalurgia”, acrescentou.

Os responsáveis por este novo estudo apelam a uma categorização mais detalhada nos objetos encontrados em sítios arqueológicos, como o de Upton Lovell G2a. Consideram também importante olhar cuidadosamente para os bens sepultados ao lado de uma pessoa ao tentar determinar a sua identidade.

“As ferramentas de trabalho do ouro que datam do início da Idade do Bronze são extremamente raras, pelo que identificar um conjunto de ferramentas para criar objetos de ouro compostos é uma descoberta extremamente importante”, disse o arqueólogo Chris Standish, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

“O facto de estar associado ao enigmático cemitério de Upton Lovell G2a torna-o ainda mais fascinante”, sublinhou o especialista.

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