Oposição pró-democracia vence eleições na Tailândia

Prachatai / Flickr

Pita Limjaroenrat, líder do partido tailandês Move Forward

Os partidos da oposição pró-democracia venceram hoje as eleições legislativas na Tailândia, tendo os militares que estão no poder há quase uma década tido uma derrota expressiva.

Uma contagem parcial dos votos divulgada pela Comissão Eleitoral, com base no apuramento em 50% das assembleias de voto, coloca como vencedor o partido reformista Move Forward, de Pita Limjaroenrat, com cinco milhões de votos.

Atrás, segue o movimento Pheu Thai, de Paetongtarn Shinawatra, liderado pela filha do ex-primeiro-ministro exilado Thaksin Shinawatra, com 4,3 milhões de votos.

Estas eleições são as primeiras desde os grandes protestos de 2020 em que se exigia uma reforma da monarquia e que expuseram as clivagens existentes no reino, entre as gerações mais jovens que querem mudanças e as elites ligadas ao rei e aos militares.

Os números preliminares, atualizados ao longo da noite pelas autoridades responsáveis pela supervisão das eleições legislativas na Tailândia, confirmam a tendência das sondagens, que previam uma “pesada derrota” para o primeiro-ministro cessante, Prayut Chan-O-Cha, segundo a France Presse.

O antigo general, que assumiu o poder após um golpe de Estado em 2014, obteve 1,7 milhões de votos sob a bandeira do partido United Thai Nation (UTN). Mas o complexo sistema eleitoral dá ao candidato apoiado pelos militares uma votação confortável que pode limitar a grandeza da mudança esperada ou mesmo abrir um novo período de instabilidade.

A oposição precisa de 376 dos 500 lugares na Assembleia Nacional para contrabalançar a influência dos 250 senadores nomeados pelos militares, enquanto os apoiantes pró-militares precisam apenas de 126 deputados para assegurar a maioria na votação para o primeiro-ministro, escolhido pelas duas câmaras.

As primeiras sondagens após as eleições gerais na Tailândia dão a vitória à oposição, mas com uma diferença insuficiente para eleger um primeiro-ministro, segundo a agência de notícias Europa Press.

Os partidos da oposição Pheu Thai e Move Forward obtiveram cerca de 270 lugares em 500 na Câmara dos Representantes, o suficiente para uma maioria, mas aquém dos 376 necessários para ultrapassar qualquer impasse na Câmara Alta, controlada pelo governo.

Uma sondagem à boca da urna, realizada pelo Nation Group e divulgada pela Bloomberg, atribui ao Pheu Thai, liderado por Paetongtarn Shinawatra, filha do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, 32,6% dos votos do círculo eleitoral, enquanto o Move Forward do empresário Pita Limjaroenrat obteve 29,4%, o suficiente para uma maioria formal.

Rungroj Yongrit / EPA

Paetongtarn Shinawatra, líder do partido tailandês Pheu Thai

Segundo a Europa Press, Limjaroenrat propôs já abertamente este domingo uma “grande coligação da oposição” entre o Pheu Thai e Move Forward para a formação de um governo no país.

No entanto, a melhor previsão provém de uma sondagem realizada pela equipa do Suan Dusit antes da votação, que atribui aos dois partidos 352 lugares – 246 para o Pheu Thai e 106 para o Move Forward – a 24 da maioria que lhes permitiria negociar um novo primeiro-ministro independentemente do parecer do Senado, mas, sgundo a Europa Press, esta contagem está ainda “ longe de ser definitiva”.

A Tailândia realizou hoje eleições gerais, as segundas após o golpe de Estado de 2014, em que estão em causa o papel dos militares na política no país.

O país já sofreu mais de uma dezena de golpes de Estado desde que se tornou numa monarquia constitucional, em 1932, o último dos quais em 2014, sob o comando do atual primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha, quando este era comandante do exército.

Mais de 52 milhões de eleitores foram chamados a votar em 70 partidos, que disputam 500 lugares da Câmara dos Representantes, a câmara baixa da Assembleia Nacional da Tailândia: 400 são eleitos diretamente e 100 escolhidos através de uma forma de representação proporcional.

A constituição da Tailândia, adotada em 2017 sob regime militar, exige que o primeiro-ministro seja escolhido por uma votação conjunta da Câmara de Representantes, com 500 membros, e do Senado, com 250 lugares nomeados pela junta no poder.

ZAP // Lusa

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