Sonda soviética zombie com 53 anos está de volta — e vai cair na Terra em maio

2

// Rave / Wikipedia; trialhuni / Depositphotos

Réplica da sonda soviética Venera 4; ao fundo, a Terra (montagem)

O fim ardente e descontrolado da Kosmos 482 está finalmente no horizonte. Mas a queda da sonda espacial soviética representa um risco muito pequeno — semelhante ao do impacto de um meteorito.

Há mais de 50 anos, a 31 de março de 1972, a então União Soviética lançou um par de sondas espaciais destinadas a Vénus.

Enquanto a Venera 8 chegou com sucesso ao seu destino, a sua irmã gémea Kosmos 482 não teve a mesma sorte: um problema no foguetão Soyuz que a transportava impediu que a sonda ultrapassasse a órbita da Terra.

Os restos da sonda, há muito tempo inativa, ficaram desde então a circundar o nosso planeta, recorda a Popular Science.

Segundo revela no seu blog SatTrackCam Leiden o observador de satélites e antigo arqueólogo holandês Marco Langbroek, a reentrada da Kosmos 482 na atmosfera terrestre está iminente.

Com base em modelos de cálculo desenvolvidos pelo engenheiro aeroespacial da Delft University of Technology Dominic Dirkx, a Kosmos 482 deverá iniciar a sua descida por volta de 10 de maio.

É difícil identificar neste momento em que ponto do planeta a sonda irá reentrar na atmosfera, devido fase ativa atual do sol e à sua influência nas condições atmosféricas.

Langbroek acredita no entanto que a inclinação orbital de 51,7 graus da Kosmos 482 significa que a sonda poderá reentrar entre as latitudes 52N e 52S — basicamente em qualquer lugar tão a norte como o Reino Unido e tão a sul como a Nova Zelândia.

Segundo o astrónomo holandês, nos momentos imediatamente antes do impacto a sonda irá atingir velocidades de apenas cerca de 240 km/h. “Com uma massa de pouco menos de 500 kg e tamanho de 1 metro, os riscos são semelhantes aos de um impacto de meteorito”, explicou Langbroek.

“Os riscos envolvidos não são particularmente elevados, mas não são zero”, acrescentou Langbroek.

É possível que os detritos da sonda espacial soviética possam incendiar-se durante a reentrada atmosférica, mas não é certo que tal aconteça — precisamente devido aos objetivos da missão original da sonda.

“Como se trata de um módulo de aterragem que foi projetado para sobreviver à passagem pela atmosfera de Vénus, é possível que sobreviva intacto à reentrada através da atmosfera da Terra e chegue ao solo intacto”, disse Langbroek.

Há também uma pequena possibilidade de o paraquedas de aterragem da sonda poder vir de alguma forma a ser acionado durante os seus últimos momentos. “Mas não apostaria que isso ainda estivesse a funcionar agora”, diz Langbroek. “Eu assumiria que, se a sonda sobreviver à reentrada, cairá com força“.

ZAP //

2 Comments

Responder a António Gonçalves Cancelar resposta

Your email address will not be published.