ESA e NASA preparam-se para trazer solo marciano para a Terra

gsfc / Flickr

Curiosity, veículo de exploração da NASA que foi a Marte em 2012

A ESA e a NASA assinaram no passado dia 27 de abril uma declaração de intenções para explorar conceitos para missões, de modo a trazer amostras de solo marciano para a Terra.

As naves espaciais em órbita e na superfície de Marte fizeram muitas descobertas emocionantes, transformando a nossa compreensão do planeta e revelando pistas para a formação do nosso Sistema Solar, bem como nos ajudam a compreender o nosso planeta natal.

O próximo passo é trazer amostras para a Terra para análises detalhadas em laboratórios sofisticados, onde os resultados podem ser verificados de forma independente, e as amostras podem ser reanalisadas, à medida que as técnicas de laboratório continuam a melhorar.

Trazer Marte à Terra não é um empreendimento simples – seria necessário, pelo menos, três missões a partir da Terra e uma, nunca-antes realizada, para o lançamento de um foguetão a partir de Marte.

Uma primeira missão, a Mars Rover 2020 da NASA, deverá recolher amostras da superfície em latas do tamanho de uma caneta, enquanto explora o Planeta Vermelho. 31 caixas serão preenchidas e preparadas para uma coleta posterior – uma espécie de geocaching interplanetário.

No mesmo período, o ExoMars da ESA, que também deverá aterrar em Marte em 2021, irá perfurar até dois metros abaixo da superfície, para procurar evidências de vida.

Uma segunda missão, com um pequeno rover, aterraria nas proximidades e recuperaria as amostras numa operação marciana de busca-e-resgate.

Este rover traria as amostras de volta ao seu módulo e as colocá-las-ia num MAV (Mars Ascent Vehicle, Veículo de subida de Marte em português) – um pequeno foguetão para lançar um contentor do tamanho de uma bola de futebol para a órbita de Marte.

Um terceiro lançamento, a partir da Terra, forneceria uma aeronave enviada para orbitar Marte e reunir-se com os contentores de amostras.

Assim que as amostras estivessem recolhidas e carregadas de forma segura num veículo de entrada na Terra, a aeronave retornaria à Terra, libertando o veículo para aterrar nos Estados Unidos, onde as amostras seriam recuperadas e colocadas em quarentena para análise detalhada por uma equipa de cientistas internacionais.

NASA

Solo marciano recolhido pelo rover Curiosity da NASA numa área arenosa chamada Rocknest. Pensa-se que esta partícula brilhante perto centro da imagem, e outras parecidas na mesma área, seja material marciano nativo.

Estudar os conceitos

O comunicado assinado no ILA Berlim pelo Diretor de Exploração Humana e Robótica da ESA, David Parker, e pelo Administrador Associado da NASA para a Diretoria da Missão Científica, Thomas Zurbuchen, descreve os potenciais papéis que cada agência espacial poderia executar e como podem oferecer apoio mútuo.

“Uma missão de retorno de amostras de Marte é uma visão tentadora, mas realizável, que se encontra na interseção de muitas boas razões para explorar o espaço”, diz David Parker.

“Não há dúvida de que, para um cientista planetário, a oportunidade de trazer amostras primitivas e cuidadosamente escolhidas do Planeta Vermelho de volta à Terra para examinar, utilizando as melhores instalações, é uma perspetiva de dar água na boca“, acrescenta o cientista.

Reconstruir a história de Marte e responder a perguntas do passado são apenas duas áreas de descoberta que avançarão dramaticamente devido a esta missão.

“Os desafios de ir a Marte e voltar exigem que estes sejam abordados por uma parceria internacional e comercial – os melhores dos melhores. Na ESA, com os nossos 22 estados membros e outros parceiros colaboradores, a cooperação internacional faz parte do nosso ADN”, conclui o diretor da ESA.

ATG Medialab / ESA

O orbitador TGO (Trace Gas Orbiter) e o seu módulo de entrada, descida e aterragem, Schiaparelli, em aproximação a Marte.

Missões anteriores a Marte revelaram antigos riachos e a química certa que poderia ter apoiado a vida microbiana no Planeta Vermelho” diz por sua vez Thomas Zurbuchen. “Trazer uma amostra forneceria um salto crítico na nossa compreensão do potencial de Marte para albergar vida”.

“Estou ansioso para conectar e colaborar com parceiros internacionais e comerciais para enfrentar os excitantes desafios tecnológicos pela frente – que nos permitiriam levar para casa uma amostra de Marte”, acrescenta o responsável da NASA.

A sonda ExoMars da ESA já está a circundar Marte para investigar a sua atmosfera. A semana passada transmitiu dados do rover Curiosity da NASA para a Terra, provando, também, o seu valor como um satélite de retransmissão. As descobertas da missão ExoMars podem ajudar a decidir quais as amostras a armazenar e a trazer para a Terra durante a missão de retorno de amostras de Marte.

Esta colaboração demonstra uma boa cooperação com a NASA e fornece uma infraestrutura essencial de comunicação em torno do Planeta Vermelho.

// CCVAlg

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