Sócrates terá sondado Manuel Pinho para governador do BdP após polémica dos “corninhos”

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Miguel A. Lopes / Lusa

Manuel Pinho diz que, entre outubro e novembro de 2009, o então primeiro-ministro José Sócrates o sondou para o cargo de governador do Banco de Portugal (BdP). No entanto, Manuel Pinho rejeitou a oferta porque tencionava dar aulas.

De acordo com o Ministério Público, citado pelo Observador, se tal tivesse acontecido, Ricardo Salgado teria tido como supervisor da banca um ex-administrador seu, a quem pagou secretamente uma avença mensal.

As revelações de Pinho foram conhecidas pelo Ministério Público através de vários textos que lhe foram apreendidos nas buscas às suas casas no dia 23 de fevereiro.

O Ministério Público levou a cabo buscas a três casas do ex-ministro Manuel Pinho para recolher provas e bens, no âmbito do processo EDP/CMEC.

Foi, por exemplo, neste textos que Manuel Pinho confessou ter usado uma “habilidade” para esconder património quando entrou no Governo.

Pinho confessa ter usado uma “habilidade” para ocultar a conta bancária que tinha na Suíça após ter tomado posse como ministro da Economia, em 2005.

Ainda assim, o ex-governante assume que tal “é moralmente condenável” e que “não o devia ter feito”. Foi através desta conta no Banque Privée Espirito Santo que recebeu uma avença mensal de cerca de 15 mil euros do chamado saco azul do GES.

Pinho demitiu-se do cargo de ministro da Economia em julho de 2009, devido ao episódio dos corninhos no Parlamento.

(od) ZAP // ARTV

Num dos textos escritos no seu computador após a demissão, Manuel Pinho diz que “não tinha ideia do que iria fazer”, destacando uma “visita de José Sócrates” que o convidou a assumir o cargo de governador do Banco de Portugal.

“Desafiou-me a assumir o lugar de governador do Banco de Portugal. A partir dessa altura, o meu futuro ficou em suspenso”, lembrou o ex-ministro.

Em resposta ao Observador, Manuel Pinho diz que “o primeiro-ministro [José Sócrates] trocou impressões comigo sobre o Banco de Portugal, mas não houve qualquer convite formal para o que quer que fosse”.

“Eu tinha decidido não tornar a exercer qualquer outro cargo público”, acrescentou. “Como é sabido, o meu rumo foi ensinar em várias universidades”.

O jornal online contactou ainda Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças que tinha a tarefa de indicar um nome a Sócrates para suceder a Vítor Constâncio no Banco de Portugal.

“Nunca o primeiro-ministro me falou ou colocou essa hipótese do Manuel Pinho para o Banco de Portugal. Nem formal nem informalmente. O nome de Carlos Costa foi proposto por mim e foi imediatamente aceite por José Sócrates”, explicou o antigo governante.

ZAP //

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