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Com 105 anos, uma das últimas sobreviventes do Massacre Racial de Tulsa processa cidade

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Tulsa Historical Society & Museum

Quase 100 anos após o Massacre Racial de Tulsa, sobreviventes e descendentes das vítimas juntaram-se para exigir à justiça norte-americana uma compensação.

Em 1921, uma das vizinhanças negras mais ricas dos Estados Unidos, conhecido como Black Wall Street, ardeu. Lojas e casas foram incendidas por uma multidão de brancos que atacaram o barro e cerca de 300 pessoas inocentes foram mortas no que é agora conhecido como o Massacre Racial de Tulsa.

Especialistas contemporâneos estimam que o número de vítimas pode ser ainda maior, mas não há forma de saber com certezas. Muitas das vítimas mortais terão sido levados e enterrados em locais secretos pela cidade.

Enquanto o público continua a reconhecer a injustiça racial nos últimos anos, defensores e residentes – muitos dos quais são descendentes das vítimas dos distúrbios – incentivaram os esforços do governo para identificar os corpos desaparecidos. Agora, estão a lutar por compensações.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, um grupo de residentes de Oklahoma entrou com um processo para exigir indemnizações para as vítimas do ataque em Black Wall Street. A liderar a luta está Lessie Benningfield Randle, de 105 anos, um dos únicos dois sobreviventes do Massacre de Tulsa que ainda está vivo.

A casa da infância de Randle foi gravemente danificada durante o incidente e deixou-a com um trauma que ainda permanece 100 anos depois. A mulher ainda tem flashbacks de cadáveres empilhados na rua no meio do bairro em chamas.

Randle, como muitas das vítimas do massacre de Tulsa, ainda não recebeu nenhuma indemnização pelas perdas do ataque que o processo alega envolver funcionários da cidade de Tulsa, do condado de Tulsa e da Guarda Nacional de Oklahoma e da Câmara Regional de Tulsa.

A mulher conseguiu ver a sua antiga casa de infância a ser consertada, mas apenas com a boa vontade dos defensores da comunidade que angariaram fundos e apoio para as reparações. As obras foram feitas em 2019 – 99 anos após a tragédia.

“O massacre de Greenwood privou os negros da sua sensação de segurança, poder económico duramente conquistado e comunidade vibrante”, disse Damario Solomon-Simmons, um dos advogados que abriu o processo

Além do dano direto que o incidente teve sobre os residentes negros, os advogados afirmam que as consequências financeiras e as implicações raciais contribuem para os desafios contínuos enfrentados pelas comunidades negras da cidade.

“Criou um incómodo que continua até hoje”, disse Solomon-Simmons. “O incómodo levou à desvalorização da propriedade em Greenwood e resultou em disparidades raciais significativas em todas as métricas de qualidade de vida – expetativa de vida, saúde, desemprego, nível de educação e segurança financeira.”

A CNN relata que o processo pede a criação de um fundo de compensação de vítimas, programas de saúde mental e educação para os residentes de Greenwood e North Tulsa e um fundo de faculdade para os descendentes das vítimas do massacre. A ação exige ainda a construção de um hospital na comunidade e que residentes negros das comunidades de Greenwood e North Tulsa tenham consideração prioritária para os contratos da cidade.

De acordo com o All That’s Interesting, um relatório da Human Rights Watch, uma organização internacional sem fins lucrativos focada na investigação de abusos dos direitos humanos, descobriu que grande parte da pobreza em Tulsa está desproporcionalmente concentrada nos bairros negros ao redor de Greenwood. Mais de 35% da população do norte de Tulsa, que é predominantemente negra, vive na pobreza, em comparação com 17% no resto da cidade.

Uma comissão de 2001 formada pelo legislativo estadual revelou que a cidade recomendou pagamentos diretos aos sobreviventes e descendentes. Mas nenhum pagamento foi feito. A cidade tem feito esforços crescentes para identificar e escavar os túmulos não marcados de vítimas desaparecidas e, em 2019, concedeu medalhas aos sobreviventes.

Maria Campos, ZAP //

2 Comments

  1. De pensar que apesar de estar no século XXI coisas como essas ainda podem acontecer. Triste. PS: se vcs precisarem de alguém pra revisar erros ortográficos, podem me contratar. Tem muitos erros nessa matéria.

  2. Notei de imediato um erro: “Barro” e vez de “Bairro”. Estes eventos ocorreram em 1921. Fazem parte de história absurda do racismo que se viveu nos EUA. Aliás, com estes níveis de violência – e discriminação, como foram as infames leis “Jim Crow” ou “apartheid” – só o vemos praticadas nos países anglo-saxónicos que adoram dar lições de moral aos outros.

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