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Sobrevivente de Holocausto exige indemnizações aos caminhos de ferro alemães

jechstra / Flickr

Entrada do antigo campo de concentração de Auschwitz, na Polónia.

Um sobrevivente do Holocausto está a processar os caminhos de ferro alemães pelo papel que desempenharam no transporte de judeus para os campos de concentração nazis.

Salo Muller sobreviveu ao Holocausto escondendo-se em várias casas até ao fim da 2.ª Guerra Mundial. Os seus pais foram presos pelos nazis e levados num comboio da Dutch Railways até à fronteira alemã, rumo a Auschwitz. Muller conseguiu que a ferroviária holandesa pagasse indemnizações pelo papel que desempenhou no Holocausto.

Agora, escreve o Público, o homem de 84 anos quer voltar a fazer justiça e interpôs um processo à Deutsche Bahn [antiga Reichsbahn], dos caminhos de ferro alemães.

“Foram amontoados em vagões de gado, 60 a 70 pessoas cada um. Havia um balde para as necessidades fisiológicas, e muitos morreram sufocados”, contou Muller à Deutsche Welle. Os judeus eram obrigados a embarcar e eram-lhes retirados todos os seus bens pessoais.

Entre 1941 e 1944, a Dutsch Railways transportou 107 mil judeus holandeses e obrigava as vítimas a pagarem bilhetes. A empresa holandesa lucrou 16 milhões de euros ao câmbio atual.

Depois de uma enorme batalha legal, Dutsch Railways cedeu e aceitou pagar a algumas centenas de sobreviventes 50 milhões de euros. Cada um dos sobreviventes teve direito a 15.000 euros e os familiares das vítimas receberam entre 5.000 e 7.500 euros.

“Os judeus holandeses transportados pela Reichsbahn foram simplesmente esquecidos” disse o advogado de Muller, Axel Hagedorn. “O Estado é accionista a 100% dos caminhos de ferro. A responsabilidade moral da Alemanha permanece”.

Um dos principais problemas que se eleva é o facto de a Deutsche Bahn, fundada em 1994, não é a sucessora legal da empresa ferroviária que transportou os judeus. Face a isto, fica sem se saber ao certo quem deve ser processado. Hagedorn garante que o Governo federal é responsável.

“Culpo a empresa ferroviária por conscientemente transportar judeus para os campos e por os matar de uma maneira horrível“, disse Muller ao programa holandês Nieuwsuur, da NPO2. “Não posso desistir, porque isso me magoa todos os dias. Tenho que pensar todos os dias sobe isso. E quero que essa dor acabe finalmente”.

ZAP //

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