A crise no Hospital de Setúbal, com a demissão em bloco de quase 90 médicos, é um alerta para a “doença sistémica” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que pode levar à sua ruptura, segundo responsáveis da área que denunciam que já há “verdadeiras tragédias pessoais” por falta de tratamento.
“O caso de Setúbal é apenas um sinal de uma doença que se está a agravar em todo o país e o primeiro passo no sentido de responder a esta doença sistémica é o reforço do financiamento da saúde”. É desta forma que o presidente da Convenção Nacional da Saúde (CNS), Eurico Castro Alves, aborda a actual situação do SNS em declarações à Rádio Renascença.
Após a demissão em bloco de 87 médicos do Hospital de Setúbal, o Ministério da Saúde anunciou o reforço de profissionais na unidade.
É um bom sinal de que há “vontade de acolher e de resolver os problemas”, assume Castro Alves que, contudo, alerta para a importância de se “fazerem reformas estruturais no sistema de saúde”.
“É tempo de se perderem complexos de tipo ideológico e poder contar mais com outros sectores, nomeadamente o sector privado e o sector social, na participação dos serviços do SNS. Porque o objectivo é tratar os portugueses, não é implementar ideologias”, salienta ainda Castro Alves.
Em jeito de mais um recado aos políticos, o presidente da CNS aponta que “gostava que alguém mostrasse ao país quanto custou a mais o facto de se terem abandonado as parcerias público-privadas na saúde”.
“Verdadeiras tragédias pessoais” na oncologia
Castro Alves nota ainda que a pandemia agravou a situação do SNS, nomeadamente com o atraso de milhares de consultas e exames de diagnóstico. A área da oncologia é uma das mais afectadas em termos dos efeitos negativos deste cenário.
“Estamos a viver verdadeiras tragédias pessoais de pessoas que não tiveram o seu diagnóstico a tempo de serem tratadas e curadas e, portanto, a doença é diagnosticada numa fase muito mais adiantada e que exige, agora, uma grande mobilização de recursos por parte do SNS”, vinca Castro Alves na Renascença.
A CNS anunciou, nesta semana, que o Orçamento do Estado para 2022 deve incluir, no mínimo, 12 mil milhões de euros para o SNS. Esse investimento público seria um aumento de 700 milhões face à verba inscrita no Orçamento para este ano.
“O Orçamento do Estado não pode ser um beco sem saída. A saúde dos portugueses tem de ser financiada à altura das circunstâncias que enfrentamos”, aponta a nota da CNS.
Enfermeiros ameaçam com “acções de luta duras”
As dificuldades no SNS ficam também patentes com os protestos dos enfermeiros. Na quinta-feira, houve uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde e para esta sexta-feira, está prevista uma nova concentração junto à Administração Regional de Saúde do Centro.
Os enfermeiros queixam-se da falta de profissionais e do excesso de trabalho. E o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alerta para o risco de ruptura nos centros de saúde e nos hospitais.
“A campanha de vacinação da gripe sazonal em curso e o início da terceira toma da vacina Covid, sem esquecer a obrigatória retoma da actividade assistencial, pode atirar os centros de saúde para uma situação de ruptura”, avisa o SEP numa nota divulgada pelo Público.
Não existem “recursos humanos suficientes para tudo”, “temos um enfermeiro para três postos de trabalho”, lamenta Guadalupe Simões, do SEP, em declarações a este jornal.
“Apesar do reforço na contratação de enfermeiros nos últimos anos, os enfermeiros continuam a ser insuficientes. Se tivermos em conta que os centros de saúde funcionam em equipa e que há um milhão de utentes sem médico de família, significa que há um milhão de pessoas sem enfermeiro de família”, realça ainda a sindicalista.
Já a presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), Lúcia Leite, avisa que “o Ministério da Saúde está a empurrar os enfermeiros para acções de luta duras”.
“Os enfermeiros estão a trabalhar com dotações no limite, existe falta de profissionais nas urgências, os centros de saúde desdobram as equipas e responderam à vacinação [contra a covid] com horas extra permanentes”, aponta ainda Lúcia Leite, também em declarações ao Público.
Os Sindicatos do sector da enfermagem reúnem-se na próxima segunda-feira e espera-se que tomem uma posição conjunta sobre a actual situação dos profissionais no SNS.
Em tempo de pandemia diziam que o SNS estava em rutura, até era compreensível, agora que já não há pandemia, apenas uns focos, continuam a dizer que se encontra em rutura?! Isto anda “meio mundo” a querer enganar outro “mundo”.
Este desgoverno já passou do prazo.
O Centeno II (Leão) está a esmagar, esmagar, esmagar. Triste país!
Sempre esteve mal, agora, as “flores” vêm todas à tona, normal…
Eu preferia um serviço de saúde público, de excelência, para isso andamos fartos de pagar, MAS, NÃO TEMOS, nem de longe nem de perto…
Está a “cozinhar-se” a transição para os privados, e muito bem , para isso servem os nossos impostos, os abutres, esses, apenas vão mudar de “local”, o povo será sempre o povo, as cobaias eternas, de humanos sem cérebro, vendidos a um poder que até desconhecem, mas que “entalados” por este ou aquele favor, têm que obedecer…
A real verdade, nunca pode ser contada, mais de metade não entenderia, é tal como nas religiões…
Existem assuntos que para sempre morrerão no secretismo dos “deuses”, depois, admiram-se das teorias da conspiração :/
É preciso poupar para a TAP, BES e RTP. Não dá para tudo, seus exigentes.
Pelos comentários e investigações vistos na TV, já não há ponta por onde pegar, o mal começa no governo e acaba no mais modesto dos funcionários do hospital, desleixo, desinteresse, má organização por todo o lado e falta de investimento, estamos a chegar ao colapso total. O exemplo teria de vir de cima, no entanto, são os piores e contaminam tudo à sua volta! Propaganda promocional e pessoal, ouve-se muita, boas ações é que nem vê-las!
Como doente crónico de várias doenças incuráveis e altamente incapacitantes, agradecia que o Estado português me desse a possibilidade de, caso eu o entenda, poder abreviar a minha estadia neste planeta, de modo tranquilo e indolor, através de eutanásia ou suicídio assistido.
Infelizmente, quando a lei respectiva estava prestes a ser aprovada, o nosso mui católico presidente da república, depois de ter a reeleição no bolso, e em contradição do que insinuara anteriormente, decidiu boicotá-la, enviando-a para o supostamente laico Tribunal Constitucional, que, vá-se lá saber porquê, prontamente a reprovou, e devolveu para nova redacção, a ser feita para as calendas gregas…
Enquanto isso, os desesperados desesperam, e vão fazendo contas à vida, planeando, ou antecipando, até, saltos para um abismo qualquer, afogamentos vários, atropelamentos diversos, envenenamentos, trucidações, enforcamentos, decepamentos, apunhalamentos, asfixias, disparos assim e assado, etc., tudo isto perante a indiferença total da nossa prezada sociedade e dos nossos exmos. políticos.