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A situação “é insustentável”, alerta ​chefe das Forças Armadas

Miguel A. Lopes / Lusa

Almirante Silva Ribeiro

Em entrevista à rádio Renascença e ao jornal Público, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) queixa-se da falta de recursos humanos e fala de uma “situação insustentável”.

Há pouco mais de um ano como Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), o almirante Silva Ribeiro destaca o comportamento exemplar dos seus militares, num cenário de penúria.

“O problema mais grave que as Forças Armadas têm é a falta de recursos humanos, mas com os que temos vamos cumprindo as missões”, referiu o Almirante Silva Ribeiro, em entrevista à rádio Renascença e ao jornal Público. A situação é, para o responsável, “insustentável”, e a falta de recursos humanos faz com que os militares tenham de fazer “um esforço tremendo”.

Segundo Silva Ribeiro, as Forças Armadas contam com 26 mil efetivos ao invés dos 32 mil que “deveria” ter. Esta situação faz com que os militares ao serviço sejam obrigados a repetir missões, sendo que o tempo de descanso é curto.

“Quando se vai para uma operação destas de combate o stress psicológico nos nossos militares é tremendo e não se pode estar a dar apenas seis meses ou um ano de intervalo, tem de se dar mais. É por isso que muitos abdicam da sua carreira militar, sobretudo os contratados. Isto é insustentável“, detalhou.

O CEMGFA garantiu que tem alertado o Governo para esta situação e fala em “desequilíbrio”, tendo em conta as missões a cumprir e os meios humanos para o fazer.

“Recentemente a um pedido da Proteção Civil dissemos que não tínhamos mais militares para empregar. A Força Aérea já tem problemas para a disponibilidade de pessoal para a manutenção dos seus meios e para a própria vigilância e segurança das unidades. A Marinha tem navios que não têm lotações completas, o Exército tem regimentos que deviam ter 360 praças e têm 100, 120. Este é o problema mais premente das Forças Armadas. Estamos profundamente empenhados em inverter esta situação”, explicou.

Para o Almirante Silva Ribeiro, a polémica em torno do Caso Tancos revelou exatamente a falta de recursos humanos sentida nas Forças Armadas: estão em falta 4.100 praças no Exército, 535 na Marinha e 950 na Força Aérea.

Em relação aos vencimentos, Silva Ribeiro assinalou ainda a “discrepância entre o de uma praça do quadro permanente e um agente da PSP ou guarda da GNR” que, na mesma categoria, figura em quase 400 euros.

“Além disso, há outras questões, as infraestruturas, os alojamentos, estão degradadas e os jovens não estão dispostos a viver em instalações daquelas”, rematou.

ZAP //

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