SXC

Regime denominado Dispensa em Proximidade deveria colocar os medicamentos mais próximos. Seria alargado no início deste ano mas, até agora, ajudou… 46 doentes.
Nélson Martins vive em Silves. Precisa de estar com o médico de três em três meses, para ter a receita para depois comprar os respectivos medicamentos (dermatologia).
Mas, para ter acesso à medicação, precisa de ir a Setúbal. Perde “um dia de trabalho” para ter uma consulta de dermatologia porque na Unidade Local de Saúde do Algarve não há um único dermatologista.
Está à espera da aplicação do sistema Dispensa em Proximidade: a receita continua a ser prescrita pelo médico no hospital, mas depois passa para o SUCH – Serviço Utilização Comum dos Hospitais. Depois, o SUCH encomenda aos fornecedores, armazena e mais tarde entrega os medicamentos aos distribuidores para estes levarem até à farmácia comunitária ou ao centro de saúde. O medicamento fica mais perto do utente.
Foi um sistema criado ainda nos tempos de António Costa, reforçado como prioridade no Governo atual – que o anunciou como prioridade, investindo 10 milhões de euros. A legislação necessária está publicada.
Este novo regime, que começou a ser testado no final do ano passado, já deveria ter sido alargado no início deste ano. Mas, até agora, ajudou… 46 doentes.
O tema é destacado no Jornal de Notícias, que lembra que o sistema deverá ajudar 150 000 pessoas. Está muito atrasado.
O Ministério da Saúde alega problemas de compatibilidade dos sistemas informáticos: há “fortes constrangimentos no que diz respeito à integração dos diferentes sistemas de software informáticos, que têm de comunicar entre si, dificultando assim o avanço deste projeto”.
A Associação Nacional de Farmácias desconfia deste argumento. Assegura que o sistema está a funcionar e que e as dispensas já realizadas provam isso.
As farmácias hospitalares dão respostas vagas, no meio de um acesso muito condicionado.
“Não há desculpa, a não ser o não querer fazer. Tem de haver pressão para o cumprimento da lei”, queixa-se Jaime Melancia, presidente da direção da Plataforma Saúde em Diálogo.
Há quase 2300 farmácias inscritas neste sistema, que contou com a adesão de sete ULS e um IPO (Santo António, São João, Braga, São José, Lisboa Ocidental, Almada-Seixal, Castelo Branco e IPO de Lisboa) de um total de 39 ULS e três IPO.
No próximo mês, maio, as fases piloto no Hospital de São João e no Hospital de Santo António, ambos no Porto, devem terminar.