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Síria está a “espremer” o dinheiro dos refugiados para evitar bancarrota

Orestis Panagiotou / EPA

A Síria está a criar impostos absurdos para tentar extorquir ao máximo o dinheiro dos refugiados que fogem ou tentam fugir do país. O país atravessa uma grave crise económica devido à guerra civil.

Para o Presidente da Síria, Bashar Assad, vencer a guerra civil veio com um custo financeiro brutal. O país deve mil milhões de dólares à Rússia e ao Irão pela sua ajuda a evitar uma revolta que tinha como objetivo tirar Bashar Assad do poder. Desde então, Damasco tem levado a cabo um estrito regime de sanções.

A guerra fez com que houvesse 6,2 milhões de deslocados sírios dentro do próprio país, além de 5,6 milhões refugiados no estrangeiro. Os números do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados são conservadores, já que outros milhões de indocumentados.

Em junho de 2019, após o fim da guerra, Assad implorou aos sírios que regressassem a casa. No entanto, o ditador tinha um trunfo debaixo da manga. Em julho de 2020, o Governo anunciou que cada sírio que reentrasse no país teria que trocar 100 dólares por libras sírias. Algumas famílias tiveram que se separar por não terem dinheiro para trazer todos os familiares, escreve o OZY.

Este ano, uma nova lei permite ao Governo apreender propriedades e outros bens de homens que não paguem a taxa de até 8 mil dólares para evitar o alistamento militar antes de completar 43 anos.

“Existem leis rígidas das quais nenhum cidadão pode fugir. O Estado pode confiscar as suas propriedades e dinheiro, o dinheiro dos seus pais, esposa, parentes e qualquer pessoa relacionada a ele”, alertou Elias al-Bitar, general de brigada das forças armadas sírias, num vídeo publicado pelo Ministério da Informação da Síria.

Durante anos, milícias pró-Governo tiveram permissão para saquear e assassinar em áreas anteriormente controladas pela oposição. No entanto, esta é a primeira vez que o Governo sírio faz uma campanha tão direta para conseguir arrecadar dinheiro dos refugiados.

Até mesmo os sírios que tenham emigrado não estão livres de pagar o imposto para evitar o alistamento militar.

“É uma preocupação clara porque [se as suas casas e propriedades forem vendidas], estas pessoas não terão para onde voltar“, disse Sara Kayyali, da Human Rights Watch, em declarações ao OZY.

Daniel Costa, ZAP //

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