Aviões de guerra israelitas realizaram ataques na manhã de quarta-feira no leste da Síria, causando a morte de dezenas de pessoas, numa das suas investidas mais mortais a locais ocupados por milícias apoiadas pelo Irão, avançaram observadores de guerra independentes.
Segundo noticiou na quarta-feira o Wall Street Journal, citando a agência de notícias estatal da Síria – SANA, os ataques ocorreram em vários locais, incluindo nas cidades de Deir Ezzour, Mayadeen e al-Boukamal, na fronteira entre a Síria e o Iraque, tendo como alvo posições do governo sírio, depósitos de armas e milícias pró-iranianas.
Cerca de 40 membros das forças aliadas do Presidente sírio Bashar al-Assad foram mortos no ataque, reportou Omar Abu Layla, que chefia a rede ativista Deir Ezzor24.
“Israel está determinado a impedir o entrincheiramento militar iraniano na Síria”, disse Tzachi Hanegbi, ministro de Assuntos Comunitários de Israel e membro do Gabinete de Segurança, que se recusou a comentar sobre o último ataque.
Nos últimos anos, Israel tem conduzido uma campanha aérea na Síria, que se expandiu para o Iraque e para o Líbano, visando impedir os esforços iranianos de se entrincheirar militarmente e mover armas para grupos aliados na região. Israel atingiu 50 alvos na Síria em 2020, mostraram dados divulgados em dezembro.
Este ataque ocorreu nos últimos dias da presidência de Donald Trump nos Estados Unidos (EUA), possivelmente numa tentativa de chamar a atenção para o que Israel chama de “influência maligna” do Irão na região, antes que o Presidente eleito Joe Biden tome posse e procure restabelecer relações com Teerão, indicaram analistas.
Amos Yadlin, ex-chefe da inteligência militar israelita e agora diretor-executivo do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, disse que o ataque foi o quarto atribuído a Israel desde meados de dezembro, um ritmo mais rápido do que nos meses anteriores.
Este aumento, continuou, pode ser uma resposta iraniana aos ataques atribuídos a Israel e aos EUA no ano passado, entre eles os assassinatos do major-general da Guarda Revolucionária Iraniana Qassem Soleimani e do cientista nuclear Mohsen Fakhrizadeh.
“Este foi o ataque mais intenso que vimos desde que o Irão chegou à região”, comentou Omar Abu Layla, acrescentando que este destruiu um carregamento de mísseis num centro de comando em Aiyash, nos arredores de Deir Ezzour. A base é usada como centro logístico para transferir armas e apoiar facções pró-Irão na área.
Tzachi Hanegbi afirmou que o Irão acredita ter “potencial para atrair os nossos recursos humanos, militares e financeiros e também para nos impedir de atacar”, acrescentando que Israel continuará a agir na Síria durante o governo de Biden.
“A necessidade de prevenir o entrincheiramento do Irão na Síria não tem nada a ver com as questões que disputamos”, sublinhou Hanegbi, referindo-se ao acordo nuclear de 2015. “Estamos a servir os interesses norte-americanos ao evitar que a Síria se torne um posto avançado do Irão na área”, concluiu.