A “síndrome de Peter Pan” pode estar a afetar a sua relação

Não é reconhecida como um distúrbio psicológico, mas se fosse para descrever a “síndrome de Peter Pan” a um grupo de mulheres comprometidas, muitas identificariam características dos seus parceiros.

O que é a dinâmica de Peter Pan e Wendy e como é que tem impacto nas relações?

Peter Pan é o protagonista de um filme da Disney de 1953 – e de uma das muitas adaptações que surgiram desde então. É uma criação do dramaturgo escocês JM Barrie. Peter Pan recusou-se a largar a infância, virando as costas ao mundo adulto em favor do eterno clube infantil da Terra do Nunca, relatou o IFL Science.

Embora possamos concordar que certos aspetos da vida adulta são sobrestimados, estudos têm sugerido que algumas pessoas levam este ponto de vista ao extremo. A “síndrome de Peter Pan” descreve os adultos, geralmente homens, que parecem ser incapazes de enfrentar as responsabilidades que advêm da vida numa relação adulta e podem, em vez disso, confiar nas suas parceiras para assumirem estes encargos.

Um estudo de 2021 referiu-se a alguns dos sinais chave que mostram que o seu companheiro pode estar a assumir a personagem de Peter Pan. Estes podem expressar as suas emoções de formas inadequadas; tendem a ser egocêntricos, apáticos e pouco dispostos a fazer planos de vida a longo prazo.

Diz-se que são solitários e que têm dificuldade em criar relações sociais. Podem também ter dificuldade em assumir a responsabilidade pelos seus erros; ter uma relação difícil com o próprio pai e esperar que as mulheres na sua vida assumam o papel de uma figura materna.

Quando expostas desta forma, estas características podem não parecer particularmente atrativas; mas, como disse a psicóloga clínica Carla Marie Manly à NBC News BETTER, outras características da personalidade podem atraí-la, pelo menos no início de uma relação.

O estudo de 2021 desenvolveu uma escala de cinco pontos para quantificar o grau de síndrome de Peter Pan, incorporando 22 fatores em três categorias diferentes. A pontuação máxima era 110, e uma pontuação mais alta indica um maior nível da “síndrome”. Os autores sugerem que a sua escala é fiável e que pode ser utilizada para orientar a prática clínica, por exemplo, no aconselhamento matrimonial.

Então, onde entra a Wendy na equação? Na história, Wendy é levada para a Terra do Nunca para assumir a responsabilidade materna por um grupo de crianças que têm vivido sem supervisão, durante um período de tempo indeterminado.

Tal como a Wendy de JM Barrie, os parceiros das pessoas com “síndrome de Peter Pan” podem estar a permitir que aquele sinta repúdio pelas responsabilidades adultas. Esse cenário gera ressentimento.

Isso não quer dizer que todas as pessoas que se assemelham a Wendy estejam infelizes. Mas para aqueles que querem sair da armadilha do Peter Pan e Wendy, o psicólogo Mark Travers indicou que podem ajudar o parceiro a assumir gradualmente mais responsabilidade.

“Não se esqueça de celebrar os esforços do seu parceiro em cada passo do caminho, mostrando-lhes apreço e afeto. Responsabilize-os pelas coisas que dizem que vão fazer e concentre-se em pequenas vitórias em vez de grandes revisões comportamentais”, sugeriu.

“Acabar com determinados comportamentos, como arrumar atrás deles cada vez que desarrumam alguma coisa, limpar o seu carro, ou pagar as suas contas, pode ajudá-los a reconhecer a necessidade de mudança”, continuou.

No entanto, advertiu que esperar que uma pessoa mude radicalmente para se adaptar aos seus próprios objetivos e ideais não é a melhor abordagem. “Nunca peça ao seu parceiro para mudar quem ele é. Afinal, essa é provavelmente a razão pela qual se apaixonou por ele em primeiro lugar”, completou.