Shaihuludia. Encontrado o primo terráqueo dos temíveis vermes das dunas de Arrakis

Rhiannon LaVine / University of Kansas

Reconstrução de Shaihuludia shurikeni, espécie de anelídeo descoberta no Utah. À direita, Rhiannon LaVine, a paleontóloga nerd que a descobriu

Uma paleontóloga norte-americana descobriu um verme marinho fossilizado com 500 milhões de anos — que batizou de Shaihuludia shurikeni, em homenagem aos temíveis vermes de “Dune” e às icónicas estrelas dos ninjas japoneses.

A paleontóloga Rhiannon LaVine encontrou, no norte do Utah, nos EUA, os restos fossilizados de um verme marinho, que terá vivido há 500 milhões de anos, durante a “explosão Cambriana”, período caracterizado por um surto dramático de nova vida na Terra.

A nova espécie faz parte do filo Annelida, composto por animais com corpo vermiforme alongado e cilíndrico dividido em segmentos ou anéis, e foi batizada Shaihuludia shurikeni.

Segundo o LiveScience, o nome da nova espécie é uma homenagem aos gigantescos vermes “Shai-Hulud” dos romances de “Dune” e às shuriken, as icónicas adagas em forma de estrela dos ninjas — uma referência às cerdas em forma de lâmina do verme, uma característica comum dos anelídeos.

Sou uma nerd há muito tempo, e na altura em que descobri o fóssil estava muito entusiasmada com os filmes da saga Dune“, explicou LaVine, investigadora do Instituto de Biodiversidade da Universidade do Kansas e do Museu de História Natural dos EUA, numa nota de imprensa publicada no site da universidade.

O fóssil, que foi encontrado em Spence Shale, formação geológica na fronteira entre o Utah e o Idaho, mede cerca de 7 a 8 centímetros de comprimento.

As suas lâminas radiais únicas confundiram inicialmente os pesquisadores, que não tinham a certeza se se tratava do fóssil de uma criatura viva ou apenas uma formação mineral incomum.

No entanto, usando um microscópio eletrónico de varrimento, a equipa conseguiu confirmar que o fóssil era uma nova espécie de anelídeo.

A descoberta, apresentada num artigo publicado na revista Historical Biology, é significativa, uma vez que os anelídeos da era Cambriana são bastante raros na América do Norte. Até agora, foi encontrado apenas um espécimen em Spence Shale, explica Julien Kimmig, corresponding author do artigo.

Ao longo dos anos, Spence Shale mostrou ser um sítio arqueológico fértil em descobertas de fósseis raros, tendo dado a conhecer cerca de 90 espécies de trilobites Cambrianas desde os anos 1900.

“Esta descoberta faz-nos sonhar com tempos longínquos,” diz Rhiannon LaVine. A paleontóloga nerd que gosta de ninjas e planetas exóticos acha fascinante a longa história da Terra e dos seus diversos ambientes ancestrais — e sente que estas descobertas revelam “mundos alienígenas sob os nossos pés“.

Armando Batista, ZAP //

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