Cientistas sugerem que o sexo pode ter evoluído para combater certos tipos de cancro

Os cientistas consideram que a reprodução sexual pode ter evoluído de forma a combater certo tipo de células malignas.

É certo e sabido que o sexo tem inúmeras vantagens mas agora, de acordo com uma nova investigação, surge também a hipótese de que a diversidade genética proporcionada pela reprodução sexual torna os organismos mais propensos a captar variantes genéticas vantajosas, incluindo aquelas que contribuem para um melhor escudo contra patógenos e parasitas, escreve o Science Alert.

No novo estudo, os investigadores defendem que a reprodução sexual pode ter evoluído tal como ocorre nos organismos multicelulares, porque reduz as células cancerígenas transmissíveis chamadas de “traidoras”.

“Defendemos que o sexo foi, e ainda é, favorecido pela seleção porque, em contraste com a reprodução assexuada, permite reduzir os custos de condicionamento impostos por um inimigo ancestral ainda presente: linhas celulares malignas transmissíveis“, explicam os autores do estudo publicado, esta quinta-feira, na revista científica PLOS Biology.

Isto significa que, nos organismos multicelulares, que são compostos por multidões de células diferentes que aprenderam a conviver umas com as outras para o bem comum do organismo em geral, essas “células traidoras” resistem a essa tendência – proliferando e explorando para seu benefício individual.

O autor principal do estudo, Frederic Thomas, biólogo evolucionista da Universidade de Montpellier, em França, considera assim que a reprodução assexuada pode ter beneficiado estas células, dando-lhes tempo para se adaptarem a organismos geneticamente idênticos e para aprenderem a esconder-se dos sistemas imunitários. Por isso, a diversidade genética pode ter proporcionado um caminho evolutivo mais seguro.

“Uma forma eficiente de prevenir estas células foi ser diferente dos outros indivíduos, assim como produzir descendências únicas”, escreveram os investigadores.

“Organismos que adotam a reprodução sexual formam gametas, misturam-nos e criam descendentes com um genoma inteiramente novo. Isso limita a chance de as linhagens clonais de células malignas já estarem adaptadas a um novo hospedeiro e aumenta a probabilidade de que organismos poderem detetar imediatamente a colonização de uma célula maligna transmissível”.

De acordo com os cientistas, a prevalência da reprodução sexual em eucariotas poderia, portanto, estar ligada com o surgimento de cancros transmissíveis nos primeiros organismos multicelulares assexuados, representando o “fantasma de um apogeu passado” dessas células “traidoras”.

Vai ser, no entanto, uma hipótese difícil de confirmar, embora os investigadores tenham sugerido no artigo científico algumas formas experimentais de o testar.

ZAP //

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