Será que rir muito pode afetar a sua credibilidade no trabalho?

Ri-se muito no trabalho ou tem algum colega que o faça? Acha que isso pode afetar a credibilidade no trabalho, perante os restantes colegas?

Um leitor do New Scientist escreveu: “um dos meus colegas chamou-me à atenção para o facto de eu rir muito, mesmo quando ninguém está a brincar”.

Acrescentou que “nunca tinha reparado nisso antes, mas os comentários dele fizeram-me temer que o meu riso esteja a prejudicar a minha credibilidade no trabalho”.

Uma análise de 70 horas de reuniões gravadas sugere que o riso representa cerca de 10% das nossas vocalizações as conversas. Isto varia de pessoa para pessoa, mas pode ser considerado antinatural — ou “estranho” — não rir regularmente num dia de trabalho.

De acordo com uma ideia desenvolvida por Adrienne Wood e Paula Niedenthal, na altura ambas da Universidade de Wisconsin-Madison, o nosso riso tem três funções principais.

A primeira é a recompensa, que assinala o nosso apreço pela outra pessoa e ajuda a reforçar o comportamento que ela acabou de adotar.

A segunda é a afiliação, ou seja, uma gargalhada pode ajudar a suavizar qualquer potencial embaraço numa conversa a demonstrar o nosso desejo de a manter divertida. Mostra que não queremos ser vistos como uma ameaça.

O terceiro motivo é o domínio. Ao utilizar este sinal não-verbal podemos assinalar a nossa desaprovação sem nos envolvermos num conforto aberto. Pode não ser visto com bons olhos, mas pode evitar a luta que poderia surgir se puséssemos os nossos sentimentos em palavras.

Estas distinções são fundamentais quando consideramos preocupações sobre a adequação do nosso riso, especialmente se estivermos numa posição de poder.

Num estudo recente, David Cheng, da Universidade Nacional Australiana, e os seus colegas pediram aos participantes que observassem os líderes a responder a perguntas difíceis numa entrevista.

Descobriram que a perceção do riso dos líderes dependia em grande medida da reação dos entrevistadores. Se se juntassem ao riso, isso aumentava a perceção de cordialidade do líder, o que, por sua vez, aumentava a avaliação da sua eficácia.

Pode-se imaginar aqui que o riso era entendido como um sinal de afiliação. Se a pessoa que fez a pergunta não retribuiu, então o riso diminuiu a perceção de calor e eficácia do líder — parece ter sido interpretado como uma tentativa de afirmar o domínio, o que torno menos atrativo.

Por isso, desde que as suas intenções sejam benevolentes e que seja sensível às reações, não há razão para que se deve conter no seu riso.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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