Oposição denuncia sequestro de dois membros da equipa de Guaidó

Miguel Gutierrez / EPA

Este domingo, a oposição venezuelana denunciou que alegados funcionários das forças de segurança sequestraram dois membros da equipa do líder da oposição, Juan Guaidó.

Rafael Rico, do partido Vontade Popular, indicou que o sequestro teve lugar junto do edifício onde reside, em La Tahona, no sul de Caracas, e que os alvos foram Rómulo Garcia e Víctor Sílio. Entretanto foi divulgado um vídeo em que motociclistas fecham, à força, as portas da viatura que teria dentro os dois políticos, partindo para um local desconhecido.

“Graças a Deus que eu não estava no sítio. Estou a salvo e abrigado”, explicou Rafael Rico aos jornalistas, denunciando que as forças de segurança teriam tentado entrar ilegalmente no seu apartamento, para “semear provas”.

O líder da oposição, Juan Guaidó, condenou a detenção destes dois membros da sua equipa. “Estão desaparecidos. Disseram à polícia municipal que estavam na Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM, serviços de informação militares). Fomos lá e não estavam”, disse aos jornalistas.

Entretanto, segundo a oposição, o regime de Nicolás Maduro mandou instalar e realizar uma jornada de atenção médica de despistagem da covid-19, à frente da residência de Juan Guaidó. A oposição diz que é o único sítio onde está a funcionar uma jornada do tipo, com “a ditadura, uma vez mais, a aproveitar-se da crise humanitária para infundir temor” nos oposicionistas.

Por outro lado, a oposição denunciou que esta manhã apareceram escritas mensagens atribuídas ao coletivo “A Fúria Bolivariana” nas fachadas das casas de vários deputados da Assembleia Nacional (parlamento).

Os coletivos, na Venezuela, são descritos pela população como grupos de motociclistas armados afetos ao regime. “Te temos localizada” e “A Fúria Bolivariana“, lê-se numa fotografia da fachada da casa da deputada Karum Vera, no Estado venezuelano de Táchira, sudoeste do país.

A pintura nas paredes das casas de opositores tem lugar depois de, no sábado, o Presidente Nicolás Maduro pedir aos simpatizantes da revolução bolivariana que identifiquem mercenários e paramilitares no país, sublinhando que a união cívico-militar-policial é a chave para detetar grupos irregulares.

“Peço aos conselhos, aos CLAP [distribuidores de produtos a preços subsidiados], às Unidades de Batalha Hugo Chávez e às Unidades Populares de Defesa Integral, que nos ajudem a identificar qualquer lugar onde possam existir grupos mercenários e paramilitares que entraram na Venezuela (…) Peço o apoio à Fúria Bolivariana!”, disse o chefe de Estado, em declarações transmitidas pela televisão estatal venezuelana.

A crise política, económica e social na Venezuela, agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas no país.

Guaidó conta com o apoio de mais de 50 países, entre eles Portugal, uma decisão tomada no âmbito da União Europeia.

// Lusa

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