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Sentença do caso “La Manada” levou a revolta às ruas de Espanha

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Kai Foersterling / EPA

Milhares de pessoas protestaram em várias cidades espanholas contra a sentença do caso “La Manada”

Cinco homens foram condenados a nove anos de prisão por abuso sexual de uma jovem de 18 anos, em 2016, quando a procuradoria espanhola pedia uma pena de 22 anos mas por agressão sexual.

Segundo o Diário de Notícias, Espanha está em choque com a sentença anunciada, esta quinta-feira, pela justiça no caso “La Manada”. Em causa está a violação de uma jovem de 18 anos, em 2016, durante as festas de San Fermín, em Pamplona, por cinco indivíduos que se auto-denominavam por este nome num grupo do WhatsApp.

Os cinco arguidos, com idades entre os 27 e os 29 anos e entre eles um militar e um guarda civil, foram condenados a nove anos de prisão por abuso sexual e ficam obrigados ao pagamento de uma indemnização de 50 mil euros à vítima (10 mil euros cada um).

De acordo com o Observador, os arguidos, que estão em prisão preventiva desde que foram detidos em julho do mesmo ano, arriscavam-se a 22 anos de prisão por crimes de agressão sexual, contra intimidade e roubo com intimidação.

Porém, os juízes do tribunal de Navarra pensam que não se tratou de agressão sexual, mas sim de abuso sexual, porque a vítima não ofereceu resistência, justificando-se então as penas mais leves. Um dos magistrados chegou mesmo a votar pela absolvição do grupo.

No grupo do WhatsApp, os cinco homens terão falado em arranjar cordas e as chamadas drogas de violação, antes da viagem de Sevilha para Pamplona, mas, relativamente a este caso, alegam que a relação sexual foi consentida, escreve o DN.

A jovem negou essa situação e reconheceu que só não conseguiu oferecer resistência porque entrou em “estado de choque”. Nos vídeos analisados pelo tribunal, filmados pelos membros do grupo, a rapariga mantém uma atitude “passiva ou neutra”, com os olhos sempre fechados, pode ler-se num relatório da polícia citado pelo diário.

“Só queria que tudo acabasse depressa e então fechei os olhos para não ter de ver nada”, disse depois a vítima no tribunal.

Depois da sentença, o advogado de um dos condenados, Jesus Perez, anunciou que vai recorrer da decisão do tribunal e defende que os arguidos devem ser absolvidos. O advogado dos restantes membros, Agustín Martínez Becerra, também vai recorrer.

“Sacaram da manga um delito de abuso sexual com prevalência que em momento algum tinha estado na base da acusação e não nos pudemos defender”, afirmou, citado pelo jornal online. O advogado da vítima admitiu estar “dececionado” com a sentença e também vai recorrer.

Segundo o DN, dezenas de pessoas que aguardavam o anúncio da sentença à porta do tribunal espanhol manifestaram a sua indignação pelos homens terem sido condenados por abuso sexual e não por violação.

A indignação rapidamente se espalhou por várias cidades do país, com milhares de espanhóis nas ruas sob as palavras de ordem “no es no” e “hermana, yo sí te creo”.

No Twitter, políticos de vários partidos mostraram o seu desagrado com o desfecho deste caso. De acordo com o Observador, até a polícia espanhola usou a rede social para partilhar um tweet no qual se lia várias vezes a hashtag “no es no”.

ZAP //

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