Um novo estudo analisou 11 cosmonautas que visitaram a Estação Espacial Internacional (EEI) e concluiu que o fluido cerebral se redistribui no crânio durante o voo espacial.
A falta de gravidade enfraquece o sistema ósseo, causa perda de peso e até problemas de visão. Agora, um novo estudo analisou o fluido cerebral de 11 cosmonautas que viajaram para a Estação Espacial Internacional (EEI) e concluiu que o cérebro é bastante plástico às mudanças.
Segundo o artigo científico, publicado em setembro na Science Advances, há alterações microestruturais em três áreas principais do cérebro que estão envolvidas no processamento motor. A neuroplasticidade do cérebro foi mostrada em detalhe de acordo com Steven Jillings, neurocientista da Universidade de Antuérpia, na Bélgica.
A equipa de cientistas estudou o cérebro dos 11 cosmonautas antes dos voos espaciais, nove dias após o pouso e seis a sete meses depois do seu retorno à terra. Os investigadores usaram um tipo particular de ressonância magnética conhecida por ressonância magnética ponderada por difusão (dMRI, “Diffusion-Weighted Magnetic Resonance Imaging”), que permitiu uma visão mais detalhada do cérebro.
Segundo o Space, este método cria um mapa da difusibilidade das moléculas de água presentes nos tecidos. De acordo com os resultados, o líquido cefalorraquidiano (LCR), que banha o cérebro humano, redistribuiu-se na microgravidade.
O trabalho dos cientistas mostrou que o líquido “empurrou” o cérebro para o topo do crânio, o que pode explicar a perda de nitidez na visão, por efeitos do reposicionamento em algumas cavidades do cérebro. Os cientistas alertam, porém, que esta “deslocação” é temporária e reversível.
O estudo confirmou o que estudos anteriores também detetaram: as estruturas abertas encontradas nas profundezas do cérebro, onde o líquido cefalorraquidiano é produzido – os ventrículos -, ficam dilatadas no Espaço.
Efeitos nos ventrículos cerebrais, que produzem e ajudam no escoamento do líquido cefalorraquidiano, são os responsáveis pelos problemas na visão e, mais precisamente, os obstáculos para a circulação normal do fluido.
As principais mudanças microestruturais estão no córtex motor primário, responsável por sinais de movimento. Apesar de o cérebro se adaptar novamente à Terra, algumas das mudanças ainda estavam presentes sete meses após o retorno.
Em declarações ao Space, Jillings disse que o uso de diferentes técnicas de ressonância magnética em investigações futuras poderia ajudar os cientistas a recolher ainda mais informações sobre as alterações cerebrais no Espaço.
Em 1969 nada disto se sabia, e foi tudo perfeito…