Há 60 anos, quando a União Soviética fundou a estação Vostok, os cientistas ainda não sabiam que a base estava localizada um pouco acima de um dos maiores lagos do planeta e o maior do continente.
Agora, esta estação é fundamental para conhecer os segredos deste enorme lago, que permaneceu isolado durante centenas de milhões de anos sob uma camada de gelo de mais de 3.700 metros de espessura.
No entanto, os membros das sucessivas expedições antárticas russas não parecem estar com pressa em revelar os enigmas do passado do nosso planeta ou os mistérios da evolução bacteriológica.
A existência do lago Vostok foi confirmada em 1994. Oito anos depois, os cientistas obtiveram as primeiras amostras de água subglaciária. Finalmente em 2016, os testes confirmaram a existência de vida nessas profundezas.
Uma dessas amostras de vida era a bactéria w123-10. Este organismo possui 86% dos genes em comum com o resto dos microrganismos conhecidos, mas esta percentagem é considerada muito baixa, do ponto de vista biológico.
“Se o tivessem encontrado em Marte, certamente teriam declarado que era vida marciana, mas trata-se de ADN terrestre”, explicou Sergei Bulat, colaborador científico do Instituto de Física Nuclear de São Petersburgo.
Outra descoberta foi um organismo análogo às espécies conhecidas de Janthinobacterium, que possui propriedades fungicidas. O resto dos 47 ADN decifrados pertencem a bactérias já conhecidas, embora não se saiba se foram preservadas apenas no gelo ou também habitam as águas do próprio lago.
Por enquanto, os biólogos não tiraram nenhuma conclusão destas descobertas, pelo que ainda não se sabe ao certo se o lago é habitado ou não. O avanço acontecerá quando os cientistas obtiverem amostras de água das profundezas, onde é mais quente e é abundante em substâncias minerais e nutrientes.
Além disso, os investigadores desejam recolher amostras do fundo do lago onde aparentemente existem fontes termais. Os especialistas chegaram a esta conclusão devido aos cristais de vários minerais, típicos das zonas hidrotermais, que se encontram na parte inferior da geleira.
Contudo, este avanço somente será possível quando for inventada a tecnologia de “perfuração limpa” permitindo a obtenção de água pura. É por isso que todos os anos, participantes da Expedição antártica russa chegam à estação de Vostok para resolver em condições reais esta difícil tarefa.
ZAP // Sputnik News