Desvendados segredos de arte egípcia com mais de 3000 anos

Foram descobertos detalhes ocultos em arte egípcia com mais de três milénios. Uma técnica inovadora mostrou aos arqueólogos esboços e erros de pinturas “minuciosas” do Antigo Egito.

Uma tecnologia que gera imagens, mapeando a composição molecular de uma determinada superfície, revelou segredos em pinturas egípcias, com mais de 3000 anos.

Esta descoberta – que permitiu detetar elementos muito específicos em pinturas do Antigo Egito – revela que já nessas obras de arte eram feitas correções e revisões.

Embora ainda não se saiba o motivo específico das alterações feitas, há teorias interessantes acerca de retratos de faraós como Ramsés II.

O estudo foi feito em colaboração entre uma equipa de cientistas da Universidade de Sorbonne, em França, e Universidade de Liège, na Bélgica, e publicado, esta quarta-feira, na revista científica PLOS One.

A arte egípcia é conhecida como um processo de trabalho bastante formal e esquematizado – onde todos os passos são seguidos à risca, por profissionais qualificados, dando origem a um “habilidosos produtos finais”.

Os arqueólogos analisaram duas pinturas de capelas de templos egípcios, na Necrópole de Tebas, próxima ao Rio Nilo. As obras de arte eram do Período Raméssida, de cerca de 1.200 a.C.

Na primeira figura, foi identificado um “terceiro braço”.

São visíveis as alterações feitas na posição do braço de um homem pintado, na capela de Menna, só não há como saber exatamente a razão pela qual o braço foi movido.

Uma simples e simplista observação pode sugerir que foi por razões estéticas, visto que o braço original estava demasiado longo ou afastado do corpo, por exemplo, mas isso é apenas segundo uma visão de conceção moderna.

A forma como a arte era vista e pensada pelos egípcios, atualmente, é um mistério.

Evidências indicam que a mudança teria sido feita ainda durante o estágio inicial de decoração da tumba, o que sugere que, provavelmente, não foi uma atualização de estilo artístico.

Já a segunda pintura representa o faraó Ramsés II, na tumba de Nakhtamun – chefe do altar no Ramesseu – e sofreu muitas alterações no vestuário.

É possível ver ajustes feitos na coroa, no cetro e no colar utilizados pelo monarca.

O cetro parece ter sido mudado para ficar mais pequeno e não colidir com o queixo da figura, sendo provavelmente modificado a partir do rascunho.

A coroa foi alongada, mas não se sabe o porquê da mudança, se apenas estética ou simbólica.

Sobre o colar, há a teoria de que o item originalmente pintado seria anacrónico – de uma época diferente da do reinado do faraó – o que pode ter levado um artista futuro a corrigir o erro com um colar correspondente.

Encontrar modificações em pinturas como estas é bastante raro, o que torna a descoberta ainda mais interessante.

Os arqueólogos dizem que este método deve ser utilizado também noutros locais arqueológicos, a fim de encontrar alterações que podem ter passado despercebidas, ou pela falta de equipamentos ou pelo desinteresse em levar tais análises avante.

ZAP // CanalTech

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