Quando comparados com as pessoas que só viveram até aos setenta anos, os centenários apresentaram quase o dobro da quantidade de REST nos neurónios, relata uma pesquisa recente.
Uma equipa de cientistas descobriu, recentemente, uma relação fisiológica improvável entre a atividade do sistema nervoso e a longevidade.
As mudanças de padrão nos níveis de excitação cerebrais estão ligadas a condições neurológicas específicas, como epilepsia ou demência. Agora, Bruce Yanker e a sua equipa descreveram, pela primeira vez, as novas implicações da sinalização cerebral hiperativa.
A nível bioquímico, a atividade cerebral desencadeia uma “cascata” de vias moleculares nos neurónios. O fator de transcrição RE1-Silencing, ou REST, reprime os genes associados à excitação de circuitos neurais. Aliás, o REST suprime o aparecimento da doença de Alzheimer protegendo os neurónios contra o stress oxidativo, refere o Massive Science.
Para saberem se os níveis de REST poderiam representar um marcador diagnóstico dos níveis de atividade cerebral – e, consequentemente, da vida útil -, os cientistas realizaram um estudo com uma grande variedade de modelos experimentais, incluindo vermes, ratos geneticamente modificados e até amostras de tecido cerebral de indivíduos com expectativa de vida superior a 100 anos.
Em todos estes modelos, as evidências apontam que o envolvimento do gene REST na excitação neural e nas vias bioquímicas foi correlacionado com o envelhecimento. No fundo, os cientistas descobriram que o REST é um inibidor crucial de genes que estimulam a comunicação eficaz entre os neurónios.
Além disso, a equipa concluiu ainda que o REST estava fortemente correlacionado com a longevidade, uma vez que os centenários apresentavam quase o dobro da quantidade de REST nos núcleos dos seus neurónios, em comparação com aqueles que só viveram até os 70 anos.
Será que os nossos níveis de REST poderiam indicar quanto tempo viveremos? Por enquanto, o veredicto ainda é desconhecido. Ainda assim, os autores do estudo sugerem que o REST pode ser um alvo terapêutico favorável para condições neurológicas associadas a circuitos neurais hiperativos, como o transtorno bipolar.
O artigo científico foi publicado no dia 16 de outubro na Nature.