Os cientistas continuam sem saber o que aconteceu há 1.2 milhões de anos quando a periodicidade das idades do gelo na Terra mais do que duplicou.
Há cerca de 1.2 milhões de anos, houve uma mudança dramática no clima da Terra, conhecida como a Transição do Pleistoceno Médio. Anteriormente, as idades do gelo aconteciam com uma relativa regularidade, em média a cada 40 mil anos.
Mas depois de um período geológico pequeno, a distância temporal entre cada idade do gelo mais do que duplicou, passando para os 100 mil anos. Há muito que esta mudança súbita intriga os cientistas e um novo estudo publicado na Climate of The Past dá algumas pistas sobre o que a terá precipitado.
Uma das maiores barreiras para que se entenda o que motivou a transição é a falta de dados. Os núcleos dos glaciares árticos mais antigos datam, no máximo, de cerca de 125 mil anos e os núcleos sedimentares mais antigos são praticamente inexistentes, porque as idades do gelo desde desde então destruíram muita da terra exposta e deixaram apenas a base rochosa, escreve o Science Daily.
No entanto, há um sítio no mundo, no nordeste da Rússia, que está acima do círculo ártico e que nunca esteve coberto por glaciares — o lago El’gygytgyn. Foi neste sítio que a professora de geociência Julie Brigham-Grette tentou decifrar este mistério.
Em 2009, a equipa internacional de cientistas foi ao lago para perfurar um buraco de 685 metros até ao núcleo de sedimentos, passando assim pelos vestígios dos últimos 3.6 milhões de anos da história da Terra.
Agora, o grupo de cientistas liderado pelo estudante Kurt Lindberg, pegou numa porção dos sedimentos recolhidos referente à época da Transição do Pleistoceno Médio e procurou indicadores biológicos específicos que podiam ajudar a entender a temperatura e a vegetação na região.
Com estas informações, a equipa conseguiu reconstruir as condições climáticas no ártico nesta fase e fez mais algumas descobertas. Por exemplo, o período interglacial conhecido como MIS 31 é geralmente entendido como tendo sido anormalmente quente, os registos recolhidos no lago mostram apenas um aquecimento moderado.
Outros períodos interglaciares — MIS 21, 27 e 29 — foram tão ou mais quentes do que o MIS 31. A pesquisa descobriu ainda uma tendência a longo prazo do clima de ficar mais seco neste período.