Num mundo onde a ameaça de conflito nuclear paira no horizonte, uma equipa de investigadores identificou o potencial salvador dos últimos sobreviventes da Humanidade num cenário cenários pós-apocalíptico.
Um novo estudo sugere que investir na produção de algas marinhas poderia ser uma boa forma de evitar a fome global após um evento catastrófico — como uma guerra nuclear, mega erupções vulcânicas ou o impacto de um meteorito — que resultasse numa redução significativa da luz solar.
Qualquer um destes tipos de catástrofe poderia devastar a agricultura global, levando a grave escassez de alimentos devido a mudanças climáticas, degradação do solo e à disrupção das cadeias de fornecimento de alimentos.
As consequências desses eventos não causariam apenas destruição imediata, mas também levariam ao colapso agrícola a longo prazo, tornando a fome uma ameaça mais significativa do que a catástrofe inicial.
“A cultura de algas marinhas apresenta-se como um farol de esperança perante estas projeções sombrias”, diz David Denkenberger, investigador da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia e co-autor do estudo, publicado em janeiro na Earth’s Future.
O rápido crescimento, necessidades mínimas de solo arável e a adaptabilidade a condições aquáticas variáveis fazem da alga marinha uma excelente candidata a fonte de alimento primordial após uma catástrofe.
Reconhecidas pelo seu valor nutricional, as algas marinhas poderiam desempenhar um papel crucial na abordagem a uma crise iminente de segurança alimentar, oferecendo uma alternativa sustentável às fontes de alimentos tradicionais.
A equipa de Denkenberger explorou a viabilidade das algas marítimas em cenários pós-nucleares através de simulações, tendo concluído que a sua produção teria potencial para suportar quase metade da procura alimentar (do que restasse) da humanidade num período de 9 a 14 meses após uma catástrofe.
“É apenas uma questão de tempo até quem uma qualquer catástrofe de grandes dimensões atinja a Humanidade”, diz o investigador, citado pelo ZME Science. “Como o oceano não arrefece tão rapidamente como a terra, a aquicultura é uma excelente opção”.
A produção de algas marinhas em quantidade suficiente envolveria a utilização de uma pequena fração da área oceânica global para aquicultura, especialmente nos oceanos tropicais, onde as condições permaneceriam propícias ao crescimento — mesmo após eventos cataclísmicos.
Contudo, o estudo também adverte contra a dependência exclusiva das algas marinhas para nutrição humana, recomendando que estas constituam não mais do que 15% da dieta humana, devido ao seu elevado conteúdo de iodo.
Segundo os investigadores, o excedente de produção das algas poderia ser usado para alimentação animal ou biocombustíveis.
Ricas em proteínas, minerais e vitaminas, além de terem um alto teor de aminoácidos e ácidos gordos, as algas marinhas são o mais próximo que podemos imaginar de um superalimento. Esperemos que não seja necessária uma Guerra Nuclear para nos apercebermos disso.