Agora já pode saquear museus ocidentais para repatriar artefactos para África

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Nyamakop

Já alguma vez se imaginou, numa visita a um grande museu, a rebentar uma parede, de braços cheios de artefactos africanos mal adquiridos e pronto para os devolver aos seus lares legítimos? Bem, poderá em breve ter essa oportunidade, graças ao estúdio de videojogos sul-africano Nyamakop.

No início deste mês, no Summer Game Fest, em Los Angeles, o estúdio sul-africano de videojogos Nyamakop apresentou o seu mais recente projeto: Relooted — um jogo que lhe permite tornar-se saqueador de museus ocidentais.

Neste jogo, os jogadores juntam-se a uma equipa de ladrões ao estilo Robin dos Bosques que organizam assaltos elaborados para recuperar artefactos roubados de museus e repatriá-los aos povos de quem foram retirados.

Relooted passa-se num futuro próximo, onde “os poderes políticos negociaram um Tratado de Devoluções Transatlântico, prometendo a repatriação de artefactos africanos dos museus”.

Mas, diz o lore do jogo, o tratado complica-se, porque apenas se aplica a artefactos em “exposição pública”, levando os museus a contornar o requisito colocando as peças em coleções privadas altamente vigiadas.

E é aí que os jogadores entram, explica o ARTnews: exploram uma determinada instalação de um museu, planeiam cuidadosamente uma rota de fuga e depois, claro, roubam o artefacto e escapam.

Detalhe: todos os artefactos presentes no mundo de Relooted são baseados em peças do mundo real que estão guardadas em museus ocidentais, explica à Epic o diretor criativo do jogo, Ben Myres.

Ao criar as várias missões, a equipa de desenvolvimento passou dois anos de investigação a escolher a lista de peças, das centenas ainda detidas por museus ocidentais. “Procurámos artefactos com grandes histórias em termos de como foram saqueados”, diz Myres.

Myres dá o exemplo do Ngadji, um tambor de madeira feito pelo povo Pokomo no Quénia para chamar ao culto ou celebrar o início do reinado de um rei. Foi confiscado pelos britânicos em 1902 e desde então permanece nas coleções do Museu Britânico, apesar dos esforços de investigadores quenianos para que a peça seja devolvida.

Segundo Myre, cada artefacto no jogo foi fielmente renderizado num modelo 3D baseado em fotografias ou digitalizações disponíveis — um enorme desafio, dado que muitos dos artefactos estão inacessíveis e guardados há muito tempo.

Contudo, embora os artefactos sejam baseados em objetos reais, os museus no jogo não o são. Não espere encontrar plantas detalhadas e segredos mal guardados de museus do mundo real.

Resta então aguardar pelo lançamento oficial do jogo, para experimentar a sensação de sermos ladrões de museus ocidentais — algo que parece aceitável, num mundo pós-GTA em que nos habituámos a achar normal sermos ladrões de automóveis e ganhar pontos por atropelar velhinhas nas passadeiras.

ZAP //

1 Comment

  1. Como não fosse um problema na cultura africana se achar dono das coisas que consegue meter a mão que pertence aos outros, e como tem o direito as coisas dos outros. Vamos ter como exemplo África do Sul, em que se estima metade da população não paga a luz que consome e se queixa da Empresa de electricadade estar falida e falhar a luz… Ou que cria leis especificas a sul africanos na base da cor com impostos e o não direito a posse de propriedade só porque são brancos.

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