Sapatilhas do futuro vão deixá-lo descalço (mas só se digitalizar os pés…)

Vai deixar de usar a fita métrica para medir o seu pé. Não comprar sapatilhas online por medo de não lhe servirem também vai deixar de ser um problema.

Ainda não é tendência no seio dos que estão sempre na vanguarda da modernidade, mas há umas novas sapatilhas que podem estar prestes a revolucionar a forma como nos calçamos.

A Vivobarefoot é uma empresa de sapatilhas de corrida, criada por dois irmãos descendentes da dinastia de calçados Clarks, que visa oferecer a experiência de “correr descalço, sem correr descalço”.

A marca do Reino Unido está a agora a fabricar sapatos que são feitos a partir da digitalização dos pés dos clientes.

Asher e o irmão Galahad são a sétima geração da família Clark. 187 anos depois do início de uma dinastia no ramo dos calçados, lançaram a Vivobarefoot em 2012.

Numa loja no centro de Londres têm agora ‘balanças do futuro’, equipadas com um monitor que exibe a palma dos pés em tempo real.

Tom Acres, jornalista de tecnologia da Sky News, teve a oportunidade de experimentar a inovação.

Contou que pôs os pés na balança para serem medidos e, logo de seguida, a máquina transformou-os num modelo 3D.

Posteriormente, a digitalização foi enviada para o telemóvel do jornalista, que lhe mostrou a base de um par de sapatos à medida dos seus pés.

Para a maior parte das pessoas – que está habituada a usar sapatilhas normais – a adaptação poderá levar algum tempo, admitem os irmãos.

No entanto, os Clarks garantem que a tecnologia vai manter os pés mais próximos do solo e propiciar uma posição mais ampla e natural.

Pés, como na consola

Ao canal de televisão britânico, Asher Clark diz que, como todos os pés são diferentes, o grande objetivo é fazer a sapatilha perfeita para cada pé.

Além disso, “estamos a tentar avançar com um modelo digital eficiente, feito de pessoa para pessoa, localmente”, acrescentou.

O cliente terá a possibilidade de digitalizar os seus pés, em casa, a partir de uma aplicação no telemóvel.

Ele usaria o mecanismo de jogos unreal – um motor utilizado para desenvolver vídeo-jogos – para criar os novos sapatos em 3D, personalizá-los e até mesmo experimentá-los virtualmente.

Asher Clark diz que todo o processo – até levar ao cliente os sapatos de tamanho perfeito – pode durar cerca um mês.

Uma inovação sustentável

O próximo passo da empresa é, conta a Sky News, tornar mais sustentável uma indústria que não mostra sinais de abrandamento.

A ideia foi apresentada pela primeira vez aos participantes da COP26 em Glasgow.

“A indústria de calçados tem uma cadeia de desenvolvimento longa e intensiva. Por isso, o processo poderá ainda demorar algum tempo”, disse Asher Clark.

O mercado global de sapatilhas está em crescimento. São fabricados, todos os anos, cerca de 20 mil milhões de pares de calçado – grande parte deles sapatilhas. Talvez ainda mais surpreendente (ou não…) é o facto de 90% dele estar destinado a acabar em aterros sanitários.

A Vivobarefoot tem, então, a ambição de fabricar calçado sustentável. Contudo, Asher Clark admite que fazer as coisas de maneira diferente “sai caro”.

O preço de lançamento previsto é de £ 260 – pouco mais de 300 euros.

Os primeiros pares vão começar a ser lançados entre agosto e fevereiro. A empresa conta estar a funcionar a 100% até meados do próximo ano.

Miguel Esteves, ZAP //

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