/

Santuário de pedra com mil anos representa a criação do mundo

INAH / Arturo Cruz, Terrasat Cartografía

Vista aérea do santuário de Nahualac, no México, que representará a criação do mundo.

Arqueólogos mexicanos desvendaram o mistério em torno de uma estrutura de pedra, encontrada no sopé de um vulcão, pensando tratar-se de um santuário que representa a criação do mundo à imagem das lendas meso-americanas.

Este santuário de pedra, conhecido por “tetzacualco, foi encontrado em Nahualac, no município mexicano de Amecameca, no sopé do vulcão Iztaccihuatl. A estrutura foi colocada dentro de uma lagoa para parecer que flutuava, indo ao encontro das lendas meso-americanas sobre a criação da Terra.

“Alguns mitos meso-americanos sobre a criação do mundo assinalam que Cipactli (o monstro da terra) flutuava sobre as águas primordiais e que, a partir do seu corpo, se criou o céu e a terra“, sublinha o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México num comunicado sobre a investigação em torno do achado arqueológico.

A estrutura encontrada em Nahualac ilustrará essa ideia mítica, como uma “representação de um tempo e espaço primogénito”, uma espécie de “modelo miniatura do universo”, destaca o INAH.

O santuário, que se encontra a 3.870 metros acima do nível do mar, foi descoberto no século XVI mas, só agora, graças a novas escavações lideradas pela arqueóloga do INAH, Iris del Rocío Bautista, foi possível descobri-lo com mais detalhe.

Os investigadores acreditam que o santuário foi construído por uma civilização meso-americana, ainda não identificada, anterior aos Astecas. Datará do chamado período Tolteca, situado entre os séculos IX a XIII.

Nas escavações, que prosseguem, os arqueólogos encontraram fragmentos cerâmicos, materiais de lítio, lápides e restos orgânicos que datam do período entre 750 e 1150 depois de Cristo.

Um micro-cosmos do nosso mundo

Bautista revela que há indícios de que os autores da construção desviaram duas fontes de água para conseguirem criar a lagoa onde se encontra. Um “controlo ritual da água” que visava dar forma à lenda da criação do mundo, dando a ideia de que “os montículos de pedra flutuavam sobre o espelho de água que, por sua vez, reflecte a passagem circundante”, explica o INAH.

“Estes efeitos visuais, para além das características dos elementos que compõem o local e da relação que mantêm entre si, fazem supor que Nahualac pode representar um micro-cosmos que evoca as águas primordiais e o início do tempo-espaço mítico“, destaca.

A utilidade que era dada ao santuário, para lá do seu papel de representação, não foi ainda desvendada. Mas algumas teorias apontam que havia sacrifícios de crianças no local até por volta do século XVI, como lembra o site Live Science, citando o escritor mexicano Bautista Pomar. Este autor alega que o santuário tinha uma estátua de Tlaloc, deus da chuva, e que eram feitos “sacrifícios de crianças inocentes” em sua homenagem.

SV, ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.