Ramos Horta doa metade do seu salário a famílias pobres. Timor é um “oásis”

Manuel de Almeida / Lusa

José Ramos-Horta

Presidente de Timor-Leste critica a guerra na Ucrânia, um “suicídio” para todos. Timor é um “verdadeiro oásis”.

José Ramos Horta inaugurou o programa de discursos nesta sexta-feira, o quarto dia da 77.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

A guerra na Ucrânia tem sido assunto frequente nas palavras dos líderes presentes em Nova Iorque, como se esperava. O presidente de Timor-Leste não escapou.

O conflito é um “suicídio mútuo”, avisou: “Rússia, Ucrânia e países da NATO têm que engolir o orgulho, rever as suas políticas passadas que originaram este suicídio mútuo, afastar-se das respectivas fronteiras, para que os ucranianos possam reconstruir as suas vidas e o seu país, e os russos possam retirar-se em segurança”.

Ainda neste contexto, Ramos Horta elogiou o papel da ONU e do secretário-geral António Guterres, que conseguiram o Acordo de Grãos do Mar Negro.

O presidente considera que Timor-Leste, olhando para o que se passa em tantos pontos do planeta, é “um verdadeiro oásis sem assaltos e crime organizado”.

Num ano em que se assinalam os 20 anos da independência do seu país, o presidente comentou com o portal da ONU que, até 2030, metade da população do Timor-Leste deverá falar português.

Ainda a nível interno, e perante a fragilidade financeira (e não só) de muitos timorenses, Ramos Horta revelou que doa metade do seu salário a famílias carentes.

Não tem seguranças armados, proibiu a compra de novos carros para o gabinete presidencial e suspendeu o uso de carros oficiais por parte dos seus funcionários.

Mesmo a delegação timorense que viajou até aos EUA, nesta semana, só tem sete pessoas e estão todas hospedadas nos hotéis mais baratos da zona da sede da ONU.

Décadas depois da tensão constante com a Indonésia, agora o país vizinho está a ajudar Timor-Leste “em questões de verdade e reconciliação assim como educação”.