Pela primeira vez desde 2013, os trabalhadores a receber o salário mínimo vão perder poder de compra este ano.
Além disso, em 2023, mesmo com o aumento de 6,4% prometido pelo Governo e a inflação de 5,1%, o ganho não será suficiente para recuperar a perda deste ano.
Na reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, esta quarta-feira, o Governo deverá apresentar uma proposta para atingir um salário mínimo de, pelo menos, 900 euros. O salário mínimo nacional é, atualmente, de 705 euros.
De acordo com o Público, quando o Governo apresentou o seu programa, pensava-se que a escalada de preços seria transitória e que a inflação regressaria à normalidade.
No entanto, isto não se verificou e agora os aumentos do salário mínimo e das remunerações médias ameaçam tornar-se menos expressivos.
A última vez que o salário mínimo perdeu poder de compra foi em 2013, durante o período da troika. Na altura, o salário mínimo esteve congelado nos 485 euros, refletindo-se numa perda de poder de compra em 2011, 2012 e 2013.
A remuneração mínima aumentou 6% mas, caso as previsões de inflação do Governo (7,4%) e do Conselho das Finanças Públicas (7,7%) se confirmem, isso vai traduzir-se numa perda entre 1,4% e 1,7%, estima o Público.
Com o aumento no próximo ano, os ganhos poderão ficar a 1,3% acima da inflação. Contudo, serão insuficientes para compensar a perda no ano anterior.
Também a evolução do salário médio prometida pelo Governo ficará condicionada. O próprio Governo admitiu, na semana passada, que assinar um acordo neste cenário pode ser difícil.
“A vontade do Governo é fechar o acordo mais cedo do que tarde, mas, no momento atual, face à incerteza conjuntural decorrente do período pós-pandémico e da guerra, torna-se mais difícil fechar um acordo de rendimentos de médio prazo para os próximos quatro anos”, disse o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes.
Pudera, o Estado já arrecadou 9 mil milhões de euros no aumento dos preços. E, agora, vem com uma orquestra a tocar, dar rebuçados ao povo, que foi espoliado.