Sabonetes anti-bacterianos podem interferir no funcionamento da mitocôndria das células

Um tipo comum de antisséptico encontrado em todos os produtos higiénicos anti-bactérias, como sabonetes, enxaguantes bucais, desodorizantes e pastas de dentes foi apontado como responsável por causar problemas nas mitocôndrias das células. Essa substância é o sal quaternário de amónio.

Perante as preocupações com os efeitos colaterais da substância, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, FDA, já baniu alguns produtos e exigiu mais informações sobre a mesma presença noutros produtos.

Investigadores da Universidade da Califórnia testaram em laboratório, em tecido humano, dois tipos comuns de sal quaternário de amónio, ou QUATS: o cloreto de cetilpiridínio e o cloreto de benzalcónio, .

Os investigadores testaram 1600 produtos aprovados pelo FDA como antissépticos, aditivos e medicamentos em dois tipos de células humanas em condições “in vitro”.

Neste caso, todos os que continham esses QUATS interferiram no funcionamento da mitocôndria, impedindo uma transferência importante de eletrões e inibindo a capacidade da organela de produzir ATP, ou Adenosina Trifostafo, as famosas moléculas que transportam energia.

Como é que os resultados são observados em humanos vivos ou noutros animais ainda tem que ser determinado, mas o estudo não parece muito animador.

“Os resultados do estudo levantam preocupações, porque a exposição a outras substâncias que inibem a mitocôndria como a Rotenona, usado como inseticida, está associada ao aumento da doença de Parkinson“, diz o investigador Gino Cortopassi.

Em algumas concentrações, essas substâncias também interferiram com a resposta celular a uma hormona reprodutora importante. “Os desinfetantes que estamos a pôr no nosso corpo e a usar no ambiente inibem a produção de energia pela mitocôndria e a resposta celular ao estrogénio“, afirma Cortopassi.

Em 2016, o FDA baniu sabonetes e detergentes que continham triclosan e triclocarban, com a justificação de que causam mais danos do que benefícios. Por isso, os QUATS têm sido considerados substitutos mais seguros para esses agentes.

“Esse estudo contribui para outros que mostram que os QUATS podem não ser tão seguros como se acreditava anteriormente”, diz Terry Hrubec, da The Edward Via College of Osteopathic Medicine , nos Estados Unidos.

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