A Rússia colocou na lista negra um movimento informal que está a atuar como uma organização extremista e a recrutar jovens para o crime. A decisão da Supremo Tribunal equipara o AUE ao Estado Islâmico e aos Talibã.
Segundo noticiou a Interfax, citada pelo Moscow Times, o grupo AUE tem por base a cultura prisional e é composto maioritariamente por crianças e adolescentes comandados indiretamente por criminosos adultos. As autoridades alertaram que o grupo “representa uma ameaça real à vida e à saúde dos cidadãos, da sociedade e do estado”.
“O Supremo Tribunal russo concedeu o pedido do Gabinete do Procurador-Geral da Rússia e declarou” o AUE como um grupo “extremista”, banindo “a sua atividade”, disseram à Interfax os promotores públicos.
“O tribunal concluiu que o AUE é uma organização bem gerida e estruturada. Os membros do AUE, de acordo com o Gabinete do Procurador-Geral, cometeram crimes extremistas e motins em massa”, acrescentaram.
A atividade do AUE é “baseada na ideologia criminosa e extremista e representa uma ameaça real à vida e à saúde dos cidadãos”, disse o Ministério Público. Crianças e adolescentes foram ativamente recrutados para o movimento, acrescentou, porque “a sua psique é mais suscetível a efeitos destrutivos”.
Em anonimato, uma autoridade contou à agência estatal TASS que o AUE tem 34 mil membros ativos em 40 regiões russas, sendo que 40% têm entre 13 e 17 anos. Os seus membros podem ser condenados a até 12 anos de prisão sob a acusação de organizar um grupo extremista.
Em 2016, o conselho presidencial de direitos humanos levantou preocupações sobre o AUE, alegando que os seus membros foram forçados a doar dinheiro para prisioneiros em 18 regiões do país.
Este ano, as autoridades da região de Tyumen, na Sibéria, lançaram uma investigação interna após a divulgação de um vídeo de agentes da polícia local a comemorar a promoção de um colega no AUE.
Já em em 2019, um tribunal em Voronezh, no sul de Moscovo, declarou o AUE como uma ameaça constitucional à Rússia, visto que coloca a chamada “filosofia do ladrão e o código prisional” acima do sistema judicial do país.