Rússia avisa que armar a Ucrânia pode trazer riscos para a aviação civil internacional

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, avisa que os países que estão a fornecer armas à Ucrânia “estão a criar um perigo colossal, inclusive para eles próprios”. 

“Os colegas estrangeiros, incluindo a União Europeia, agem perigosamente entregando armas letais à Ucrânia“, aponta Lavrov em declarações na conferência de imprensa em Antália, na Turquia, depois da reunião com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, com a mediação do ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Çavusoglu.

Após mais uma ronda de negociações que não trouxe grandes soluções para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, Lavrov avisou que os países que estão a ajudar os ucranianos com armas “estão a criar um perigo colossal, inclusive para eles próprios”.

Uma posição que surge depois de a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, ter publicado no Twitter um alerta sobre a mesma questão.

“Apelamos aos países da UE e da NATO para pararem a inundação impensada do inviável regime de Kiev com os mais recentes sistemas de armas de modo a evitar enormes riscos para a aviação civil internacional e outros meios de transporte na Europa e fora dela”, escreve Zakharova.

💬 Maria #Zakharova: We call on #EU & #NATO countries to stop the thoughtless flooding of the unviable #Kiev regime with the latest weapons systems in order to avoid enormous risk to intl civilian aviation & other means of transport in Europe & beyond.

🔗 https://t.co/WsEKGJHZR1 pic.twitter.com/bJwikcmjux

— MFA Russia 🇷🇺 (@mfa_russia) March 10, 2022

Esta mesma ideia consta de uma nota no site oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo que alerta que “os países ocidentais iniciaram remessas em larga escala para a Ucrânia de Stinger MANPADS que são usados para atacar alvos terrestres e acima da água, a uma distância de até 8 km e a uma altitude de até 3,5 km, bem como outros sistemas portáteis incluindo Javelins, NLAW e ATMWs Carl Gustaf, os quais, sem exagero, são os tipos mais sensíveis de armas“.

“As pessoas por trás desses carregamentos estão, definitivamente, cientes da crescente ameaça dessas armas de alta precisão acabarem nas mãos de terroristas ou grupos armados ilegais, não apenas na Ucrânia, mas também na Europa”, realça a mesma nota.

Assim, o ministério russo realça que “é apenas uma questão de tempo até que essas armas acabem no mercado negro ou nas mãos de terroristas”.

“Os MANPADS representam um grande perigo para a aviação civil e os ATMWs são uma ameaça ao transporte e às infraestruturas ferroviárias“, alerta ainda o organismo russo.

Lavrov confirma bombardeamento, mas diz que hospital era base de “nazis”

Lavrov também comenta o bombardeamento de um hospital pediátrico na cidade ucraniana de Mariupol, alegando que o edifício servia de base para um grupo de extremistas ucranianos.

“Esta maternidade foi tomada há muito tempo pelo grupo Azov e outros radicais”, refere Lavrov, acrescentando que os pacientes e o pessoal médico e administrativo tinham sido expulsos do local por elementos daquele grupo.

O Batalhão Azov é um grupo paramilitar ucraniano que tem uma ideologia neonazi.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, justificou o ataque à Ucrânia com a intenção de “desnazificação” e “desmilitarização” do país.

O Batalhão Azov tornou-se conhecido em 2013, no âmbito dos protestos que estalaram na Ucrânia depois de o então presidente, Viktor Yanukovych, com uma posição pró-russa, ter recusado assinar um pacto de aproximação à União Europeia.

Yanukovych acabou por fugir para a Rússia depois de violentos protestos na Ucrânia. Foi, nessa altura, que a Rússia também invadiu a região ucraniana da Crimeia e que os separatistas do Donbass aumentaram a rebelião contra o Governo ucraniano.

O Batalhão Azov, bem como outras milícias, tiveram um papel decisivo nos combates com os separatistas russos.

Segundo Lavrov, o Governo de Moscovo apresentou documentos ao Conselho de Segurança da ONU, numa reunião realizada em Março, que corroboram que o hospital bombardeado em Mariupol estava nas mãos do Azov e de outras organizações radicais.

Três pessoas, incluindo uma criança, morreram no bombardeamento russo que atingiu a infraestrutura de Mariupol. Um relatório das autoridades ucranianas informa que outras 17 pessoas ficaram feridas.