Rússia vai fornecer armas à Coreia do Norte se a Coreia do Sul ajudar a Ucrânia, diz Medvedev

O Kremlin pode fornecer armas à Coreia do Norte caso a Coreia do Sul forneça equipamento militar à Ucrânia, disse na quarta-feira o ex-Presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev.

Na quarta-feira, o Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol afirmou à agência Reuters que Seul poderia fornecer ajuda à Ucrânia para a guerra contra a Rússia. Em reação, Medvedev escreveu no Telegram: “há novos [países] dispostos a ajudar os nossos inimigos”, noticiou o Jerusalem Post.

“Até há pouco tempo, os sul-coreanos asseguravam ardentemente que a possibilidade de fornecer armas letais a Kiev estava completamente excluída. Pergunto-me o que dirão os habitantes deste país quando virem as últimas amostras de armas russas com os seus vizinhos mais próximos – os nossos parceiros da RPDC (República Popular Democrática da Coreia)”, declarou.

O Ministério da Defesa reagiu na noite de quarta-feira, indicando que o arsenal militar russo degradou-se enormemente durante a invasão da Ucrânia e que, em breve, só seria capaz de enviar tanques obsoletos da era da Segunda Guerra Mundial.

“As autoridades russas ameaçaram a Coreia do Sul de que, se esta fornecesse armas letais à Ucrânia, a Rússia responderia fornecendo armas à RPDC”, escreveu o Ministério da Defesa ucraniano no Twitter. “Hoje, os comboios transportam tanques T-54 da era da Guerra da Coreia da Rússia para a Ucrânia, e amanhã transportarão tanques T-34 para [capital norte-coreana de] Pyongyang”, referiu ainda.

O porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, também reagiu, avisando que a ajuda significaria que a Coreia do Sul está mais envolvida na guerra.

“Infelizmente, Seul tomou uma posição bastante pouco amistosa em toda esta história. O início das entregas de armas significará obliquamente uma certa fase de envolvimento neste conflito”, notou o responsável.

Yoon Suk Yeol disse à Reuters que o seu governo tinha estado a analisar de que forma pode ajudar a defender e reconstruir a Ucrânia, da mesma forma que o país asiático tinha recebido apoio internacional na Guerra da Coreia de 1950.

“Se existe uma situação que a comunidade internacional não pode aceitar, como ataques em grande escala contra civis, massacre ou violação grave das leis da guerra, pode ser difícil insistir apenas no apoio humanitário ou financeiro“, apontou Yoon Suk Yeol à agência.

Esta mudança de posição surge antes da visita de Yoon Suk Yeol aos Estados Unidos e após a fuga de documentos dos serviços secretos do Pentágono, que revelaram as incertezas da Coreia do Sul em fornecer armas à Ucrânia devido a pressões exercidas pelos norte-americanos.

Esses documentos revelaram que os conselheiros presidenciais sul-coreanos estavam preocupados em fornecer artilharia diretamente à Ucrânia, informou a BBC.

Os conselheiros terão sugerido que a Coreia do Sul, um importante produtor de ogivas, poderia enviá-las para a Polónia, para assim manter uma aparente posição de neutralidade. A BBC relatou que, em 2022, Seul tinha concordado em vender artilharia aos EUA na condição de que não fossem enviados para a Ucrânia.